No dia 18 de fevereiro, os alunos do curso Técnico em Vigilância em Saúde da Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha (ETSUS Acre) puderam colocar em prática seus conhecimentos sobre o combate à dengue. A ação educativa desenvolvida na própria unidade teve como público-alvo cerca de 200 estudantes de outros cursos técnicos, a maioria de turmas abertas à comunidade que tiveram início em 2011. Na ocasião, os futuros técnicos em vigilância em saúde puderam prestar esclarecimentos e mobilizar os companheiros de instituição a participar das ações de prevenção e promoção no combate ao Aedes aegypt.

A ação foi planejada pelos próprios alunos, que tiveram que explicitar o objetivo, justificativa, métodos, técnicas e procedimentos que seriam utilizados para sua realização. Os estudantes também produziram os materiais utilizados na atividade, que englobou  variadas estratégias como exibição de vídeos, apresentação de cartazes, peças teatrais, dinâmicas, palestras e exposição em microscópio da larva do mosquito transmissor da dengue. Como muitos dos alunos das turmas da comunidade ainda não atuam nos serviços de saúde, alguns não sabiam como identificar as larvas. “Pude perceber que existem falhas na comunicação entre moradores e agentes de saúde que podem ser contornadas com ações como essa”, atesta a agente de endemias e aluna do curso Técnico em Vigilância, Maria Vieira.

O coordenador do curso Técnico em Vigilância em Saúde, Arthur Fontenelle, contou que os alunos utilizaram a metodologia da problematização nas atividades, o que gerou muita participação. “Eles puderam colocar em prática todas as bases científicas e tecnológicas abordadas durante o curso. Isso fez com que eles refletissem sobre as possibilidades de comunicação junto à comunidade com que irão trabalhar ou já trabalham”, completa.

 De acordo com o coordenador do Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco e mediador de aprendizagem do curso, Edson Carneiro da Costa Filho, a partir da dinâmica “os educandos conseguiram enxergar como o conhecimento e a informação são complexos e precisam de planejamento para que sejam transmitidos à população de forma estruturada”.

A aluna e agente de controle de endemias, Eliana Abreu, contou que às vezes os estudantes acham que não são capazes de fazer um projeto para executar uma ação. “Quando fomos executar, vimos a dimensão do trabalho. Na apresentação a gente tem que se preparar para possíveis imprevistos, às vezes as coisas podem não sair do jeito que programamos. Quando planejamos é uma coisa, mas quando executamos é bem diferente a dinâmica da realização da ação. A preparação é fundamental”.

Rio Branco - No ano passado a dengue atingiu cerca de um milhão de brasileiros e matou 572 pessoas, voltando a causar preocupação em vários municípios do país. Apesar da redução de 22% no número de casos entre janeiro e fevereiro, Rio Branco apresenta índice de infestação predial de 6%. A taxa indica a quantidade de imóveis onde foram encontradas as larvas do mosquito e, segundo a Organização Mundial da Saúde, porcentagens acima de 1% indicam grande probabilidade de ocorrência da doença. Para reverter a situação, o governo estadual em parceria com a prefeitura lançou, no dia 3 de janeiro, a campanha ‘Guerra contra a Dengue’, que envolve visitas a domicílios, distribuição de panfletos, vistoria de terrenos, coleta de lixo – que podem servir de criadouros do mosquito –, instalação de tampas nas caixas d´águas e orientação à população. O período entre dezembro a março, conhecido como o ‘inverno amazônico’, favorece a infestação do mosquito.

O coordenador do curso afirmou que em abril a ETSUS Acre pretende promover um arrastão de combate à dengue, como já foi realizado pela prefeitura em fevereiro. “A ideia é que haja uma integração entre os alunos de Vigilância e os profissionais do serviço nos bairros de maior incidência de casos. Temos que fazer um trabalho contínuo para evitar a epidemia”, avalia Fontenelle.