As potencialidades e as inovações nos processos de trabalho em saúde no centro do debate [1]
Promover reflexões sobre os desafios presentes nos processos de trabalho em saúde. Este foi o principal objetivo do 1º Seminário Internacional sobre Potencialidades e Inovações nos Processos de Trabalho em Saúde, realizado entre os dias 26 e 28 de abril, na Fiocruz Brasília. O encontro contou com a participação de cerca de 170 pessoas, entre pesquisadores, professores e estudantes do Brasil, Uruguai, México, França, Itália, Argélia e Suíça, em conferências e debates simultâneos.
Promover reflexões sobre os desafios presentes nos processos de trabalho em saúde. Este foi o principal objetivo do 1º Seminário Internacional sobre Potencialidades e Inovações nos Processos de Trabalho em Saúde, realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho em Saúde, do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade de Brasília (Nesp/UnB), entre os dias 26 e 28 de abril, na Fiocruz Brasília. O encontro contou com a participação de cerca de 170 pessoas, entre pesquisadores, professores e estudantes do Brasil, Uruguai, México, França, Itália, Argélia e Suíça, em conferências e debates simultâneos, além da apresentação de pôsteres. “A ideia do seminário foi compartilhar experiências e referenciais teóricos metodológicos sobre o trabalho em saúde, buscando compreender este campo e pensar intervenções e mudanças”, explicou Magda Scherer, professora adjunta do Departamento de Saúde Coletiva da UnB e presidente do seminário.
Segundo ela, a programação do seminário girou em torno da gestão, das práticas cotidianas, da articulação de equipe e da formação. Por isso, explicou, o encontro foi estruturado em eixos temáticos. “A gente parte de uma discussão geral sobre o trabalho, mas o foco é o trabalho das profissões de saúde. A proposta foi discutir o que estamos analisando, estudando e fazendo de intervenção, relacionado à integração e à articulação das várias profissões de saúde”, anunciou.
A mesa de abertura contou ainda com as participações de Maria Fátima de Souza, do Nesp/UnB, Fernando Carneiro, professor do Departamento de Saúde Coletiva da UnB, Ana Maria Malik, presidente da Associação Latina para Análise de Sistema da Saúde (Alass), Lilian Maria de Paula, diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, Lucas Cardoso Veras, subsecretário de Planejamento, Avaliação e Controle da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Eliana Mendonça, secretária executiva da Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS, e Denise Bomtempo, Decana de Pesquisa e Pós-graduação da UnB, representando o reitor da universidade, José Geraldo de Souza Júnior.
O eixo ‘Estudos e inovações tecnológicas sobre trabalho em saúde’ focalizou a integração dos profissionais de saúde e do trabalho nos diferentes níveis do sistema de saúde, a relação do desempenho do trabalhador com as organizações de saúde, a qualidade de vida no trabalho e os novos paradigmas de organização da produção do cuidado em saúde.
O eixo ‘Gestão do processo de trabalho em saúde’ tratou da inclusão e integração social dos trabalhadores no processo do trabalho coletivo em saúde e da responsabilidade do sistema de saúde na qualidade de vida dos trabalhadores e da população.
Formação em pauta
No eixo ‘Formação de profissionais para o sistema de saúde’, foram focalizados os programas de formação, capacitação e educação permanente para os diferentes níveis do sistema de saúde e a produção de subjetividade e a qualificação dos trabalhadores de saúde, além da investigação da formação na graduação e pós-graduação de profissionais de saúde. “É impossível discutir trabalho sem discutir formação, até porque a formação precisa ser no trabalho e pelo trabalho. Não consigo pensar os dois campos separados”, orientou Magda.
Para Mônica Vieira, coordenadora do Laboratório de Trabalho e Educação Profissional em Saúde da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio, as discussões sobre processos de trabalho estão se destacando tanto nas produções acadêmicas quanto nas instâncias de governo envolvidas com o processo de consolidação do SUS. “Essas reflexões que focam os processos de trabalho partem de uma constatação de que os primeiros esforços de implementação do sistema estiveram voltados para a estruturação e muito pouco atentos ao que acontece nas relações entre os trabalhadores e entre esses e o usuários”, observou. Para ela, hoje já se parte da especificidade da natureza do trabalho em saúde, “para desenvolver estratégias, políticas e estudos que buscam compreender o trabalho para transforma-lo”.
Neste contexto, ganham ênfase as propostas relacionadas à educação permanente, principalmente as destinadas aos trabalhadores de nível técnico, considerando sua relevância no trabalho em saúde e a fragilidade histórica da sua formação e inserção profissional. “Falar disso remete à necessidade urgente de uma formação técnica de qualidade e que exige a ampliação da oferta de educação profissional pública, compatível com a existência de um Sistema Único de Saúde”, avaliou.
Desafios
Na mesa de síntese do seminário, alguns desafios para a área foram apontados, como necessidade de explorar a possibilidade de articulação teórica e traduzi-la para o espaço de trabalho, de repensar currículos e práticas na formação dos profissionais de saúde, de incluir atividades de comunicação e informação no cotidiano do processo de trabalho, além de formar e valorizar trabalhadores de nível médio e de se pensar a gestão do trabalho na composição das políticas públicas. Os principais encaminhamentos foram, nesse sentido, aprofundar o debate acerca das políticas de humanização e educação permanente e realizar um segundo seminário.