Ato de apoio ao governo transpassa 15ª CNS [1]
Movimentos sociais e militantes da saúde que participam da 15ª CNS se reúnem em ato após anúncio da proposta de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
A proposta de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff aceita pelo deputado e presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no fim da tarde do dia 2 dezembro, mobilizou imediatamente movimentos sociais e militantes da saúde envolvidos na 15ª Conferência Nacional de Saúde (CNS). Logo cedo, na manhã do dia 3 de dezembro, quem chegava ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, para mais um dia de discussões nos grupos de trabalho, passava primeiro por dezenas de pessoas que cantavam “Fora Cunha” e “Ai, ai, ai, se empurrar o Cunha cai”. Às 13 horas, foi agendada outra manifestação de repúdio à proposta de impeachment. O Ato ‘Saúde é democracia. #Não vai ter golpe, organizado, segundo Afonso Carlos Magalhães, da Central dos Movimentos Populares (CMP), por partidos políticos como PT e PCdoB e movimentos sociais como o próprio Conselho Nacional de Saúde (CNS), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a CMP, bem como outros movimentos que fazem parte da Frente Brasil Popular, reuniu cerca de 200 pessoas, com bandeiras, aplausos e gritos de guerra.
Em cima de um carro de som, os manifestantes mostravam indignação com a posição de Cunha, defendendo a manutenção democracia e o próprio mandato da presidente. O vereador do PT de Campinas, Pedro Tourinho, ex-conselheiro de saúde, observou que a proposta é antidemocrática e conclamou a todos, a despeito das diferenças políticas, a participarem da manifestação e da luta contra o golpe. Wherlyshe Morais, do Maranhão, representante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), pediu para que os estudantes se unissem nessa causa. “É impossível um SUS de qualidade em uma sociedade capitalista. Abaixo o golpe. Abaixo o capitalismo”, gritou ao microfone. Lourdes, do Conselho Municipal de Saúde de São Paulo, lembrou que o momento é de disputa. “Não podemos aceitar o impeachment. Eu quero ter o direito de brigar com a Dilma, de reivindicar por melhores salários, mas com a Dilma no poder. Não existe SUS sem democracia. Quem de fato estiver defendendo o SUS, tem que defender a democracia. A Dilma fica e o Cunha sai”, repetou o coro dos manifestantes. O grito chegou a virar música, tocada por um manifestante com um violão, no alto do caminhão.
Inimigo do povo
A manifestante Jussara, do Rio Grande do Sul, subiu com a bandeira do Brasil. Ela enfatizou que o símbolo nacional representa a luta da qual participou contra a ditadura militar e pela redemocratização do país. “Nosso SUS nasce dessa luta”, lembrou, dizendo que o Cunha é o inimigo número um das mulheres, da juventude e do Brasil. “Esse homem não tem moral para pedir o impeachment da Dilma”, afirmou, identificando o presidente da Câmara dos Deputados, a exemplo de muitas falas, com propostas que ferem direitos humanos e sociais.
O momento mais aguardado foi a fala da presidente do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro, que já chegou bem depois, face à sua visita ao Palácio do Planalto para articular a possibilidade de presença de Dilma na 15ª CNS, no fim do dia. Socorro destacou que o momento é de disputa pelo Estado de direito e conclamou os participantes do ato a irem para as ruas assegurar a continuidade do papel que o Brasil tem hoje no cenário internacional e diante das classes populares que historicamente foram excluídas. Ela completou orientando que, em momento de crise, é preciso ter lado e clareza do projeto a ser defendido. “O projeto da 15ª CNS é o projeto do povo, o projeto que esse governo que ajudamos a eleger tem que assumir”, disse.
Ao anunciar a possibilidade da vinda da Dilma na Conferência, Socorro pediu a todos, em caso afirmativo, que abraçassem a presidente e a carregasse para dentro do Centro de Convenções.
Por Katia Machado, da Secretaria de Comunicação da RET-SUS.