Os desafios da vigilância em saúde em foco na EPSJV [1]
Os desafios e as perspectivas da vigilância em saúde deu título à aula inaugural do curso Técnico em Vigilância em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), realizada em 16 de junho, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. A aula, apresentada pelo médico e doutor em Epidemiologia Guilherme Franco Netto, assessor da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, contou com a participação, na abertura, da vice-diretora de Ensino e Informação da EPSJV, Páulea Zaquini, que ressaltou a importância da parceria da escola com a prefeitura do Rio nesta iniciativa, da coordenadora do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde (Lavsa) da EPSJV, Ieda Barbosa, e do coordenador Marcus Vinícius Ferreira e da superintendente Maria Cristina Lemos, da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio. A formação, em sua terceira edição, com duas novas turmas e 70 alunos, teve início em 2010.
Para Netto, o processo de ensino implica ver o mundo de maneira distinta. “Fazer saúde publica é um grande desafio e a EPSJV se propõe a dar conhecimento e elementos para que possamos seguir por esse caminho”, observou. Segundo ele, a Vigilância em Saúde é um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, com foco no planejamento e na implementação de medidas de proteção da saúde da população, na prevenção e promoção da saúde e no controle de riscos, agravos e doenças. “O curso, portanto, propõe a trazer um panorama amplo da Vigilância em Saúde no município do Rio e os processos de produção de bem estar e da saúde, onde a vida acontece”, citou.
Netto ressaltou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) nesse processo, destacando o quanto o sistema é central na construção do campo. De acordo com ele, as funções atuais da Vigilância em Saúde compreendem o monitoramento das ações de prevenção e controle, a identificação de grupos de risco e o reconhecimento de casos para acionar intervenções e mensuração de tendências, apesar de algumas limitações nas quais o campo está implicado, como a grande diversidade e complexidade da distribuição da população.
Outras limitações do campo, segundo Netto, dizem respeito à incapacidade de enfrentar adequadamente os atuais e novos desafios potenciais da Saúde Pública, à atual abordagem fragmentada da vigilância em saúde, à falta de integração dos sistemas de informação, aos modelos prevalentes que não permite a predição de novas ameaças, aos sistemas de vigilância existentes que não dispõem de informações em tempo adequado e ao financiamento inadequado.
Netto observou que há falsas dicotomias conceituais à respeito da Vigilância em Saúde, que coloca em lados opostos atividades que deveriam ser complementares para a adequada realização do trabalho. Exemplos nesse sentido, segundo ele, são as dicotomias entre as vigilâncias em saúde pública e epidemiológica, a vigilância e a pesquisa, cuja integração é essencial para a produção de conhecimento para intervenções, a vigilância e a avaliação, que é importante para organizar as ações do campo, as vigilâncias passiva e ativa e os sistemas de vigilância e de informação, que devem ser integrados para o melhor planejamento das ações.
No que tange às perspectivas do campo, Netto destacou a intensificação do uso de tecnologias da informação, a estruturação conceitual da Vigilância em Saúde, os avanços tecnológicos na área, a melhoria da coleta e da interação dos dados e a capacitação e profissionalização dos trabalhadores.