Uma turma do curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde do Centro de Educação Técnico Profissional na Área de Saúde (Cetas/RO) viveu, em março, uma experiência diferente. Acostumados a dar palestras em escolas e nos postos de saúde, os alunos estiveram no presídio feminino de Porto Velho para realizar uma oficina sobre planejamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis.
A idéia de fazer a oficina partiu da professora Edith Batista, que, além de ter ministrado a disciplina ‘Direitos Humanos’ para os agentes comunitários de saúde (ACS), também dá aulas na escola do presídio. De acordo com ela, as próprias detentas já vinham pedindo que houvesse aulas tratando desse tema.
Segundo a coordenadora técnica do curso de ACS na ETSUS, Dóris de Almeida, um número muito grande de presidiárias engravida durante o período em que cumpre pena.“Elas têm direito às visitas íntimas e é muito comum que tenham bebês. Não sabemos ao certo se é por falta de informação sobre os meios de prevenção ou se porque elas ganham alguns privilégios – como uma cela separada – quando os bebês nascem. De todo modo, era preciso fazer um trabalho de conscientização”, afirma.
A Escola conseguiu que a direção da penitenciária liberasse 45 detentas para participarem das palestras. Os 25 ACS apresentaram métodos anticoncepcionais e de prevenção de doenças, distribuíram preservativos, falaram sobre AIDS e sobre a importância do planejamento familiar. “Eles explicaram que era importante prevenir a gravidez, especialmente dentro do presidiário, e mostraram que é preciso pensar no futuro das crianças. Falaram muito sobre o que acontece quando os filhos de presidiárias completam seis meses de idade e precisam ir embora, seja para a casa de parentes, seja para casas de adoção. E disseram que, mesmo depois que as mães terminam de cumprir sua pena e podem voltar para casa, é demorado o processo de voltar à vida normal e cuidar de uma criança”, conta Dóris.
De acordo com ela, os conselhos dos ACS foram muito bem aceitos pelas detentas, que aproveitaram para tirar suas dúvidas. “Elas tinham muitos questionamentos a respeito desse assunto, muitas achavam até mesmo que o preservativo não funcionava. Enquanto os ACS falavam, elas faziam várias perguntas”, conta. “Também foi muito bom em relação ao acolhimento. Essas mulheres são muito sozinhas, quase não recebem visitas. As que chegaram há menos tempo não ficaram tão à vontade, mas as mais antigas, que são também mais carentes, adoraram a nossa presença”, completa.
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