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19/05/2008 Versão para impressãoEnviar por email

EPSJV discute Reforma Sanitária e educação politécnica em aulas inaugurais

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) realizou, em março, duas aulas inaugurais: no dia 4, a Escola deu as boas-vindas à primeira turma do Mestrado em Educação Profissional em Saúde, aprovado pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2007. Já no dia 14, foi a vez de receber as turmas dos cursos técnicos.

Na primeira cerimônia, o palestrante foi o doutor em Ciências Humanas Gaudêncio Frigotto, que também é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Ele falou sobre ‘Teoria e práxis e o antagonismo entre a formação politécnica e as relações sociais capitalistas’. Gaudêncio fez uma crítica ao sistema educacional voltado para a lógica do capitalismo, interessado exclusivamente na formação de capital humano. O professor lembrou as críticas de Marx a esse sistema. “Marx mostra que o economicismo, que coloca a educação como capital motor do desenvolvimento e da superação das desigualdades, sem alterar as relações de poder que as produzem, é falso”, comentou.

De acordo com Gaudêncio, o curso de mestrado é um importante espaço de discussão e elaboração de idéias. “A partir daí, as teorias social e educacional podem nos ajudar a perceber que nem a burguesia mundial, nem a brasileira, têm a chave mágica para barrar as contradições que ela mesma produz, e nem para anular a luta trabalhadora”, disse.

Já a aula inaugural dos cursos técnicos contou com a presença da presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sonia Fleury. Em sua palestra, sobre ‘Democracia e Subjetividade – desafios da Reforma Sanitária’ a pesquisadora  contou um pouco da sua trajetória como militante do movimento sanitário, que, ainda nos anos 70, começou a pensar as bases do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sonia fez críticas a esse sistema e denunciou a discriminação que existe no atendimento, apesar de um dos princípios do SUS ser a universalização dos serviços. De acordo com ela, outro problema é a acomodação da população em relação à saúde pública. “Temos que acabar com a idéia de que o serviço público é ruim, e que quem quiser ser bem atendido deve ter um plano de saúde particular. Precisamos de cidadãos ativos. A luta pela Reforma Sanitária está apenas na metade”, afirmou.

De acordo com a pesquisadora, também é negativa a supervalorização do individual em detrimento do coletivo. “O sistema de hoje não é capaz de incluir as pessoas, e acaba se tornando natural a idéia de que a culpa de tudo é do próprio indivíduo. Ele não consegue se integrar nos mercados de trabalho ou de consumo, mas, na verdade, é a sociedade que deveria construir essas condições”, concluiu.

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