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01/09/2005 Versão para impressãoEnviar por email

Escola Politécnica comemora 20 anos

Numa mesa de bar, esboçada em guardanapos de papel, entre‘comes e bebes’ que ajudaram a formular a Reforma Sanitária Brasileira.Assim nasceu o projeto de construção de um Politécnico da Saúde na Fundação Oswaldo Cruz. O resultado dessa ‘aventura’ foi a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, que completou 20 anos agora em agosto, com uma série de comemorações. Duas décadas depois, já não se reconhece a obra nos guardanapos do projeto: tudo se transformou em 5 mil m2 de área construída abrigando um só-lido projeto, pedagógico e político, de educação profissional em saúde.

Idealizando o que viria a ser a EPSJV, estavam naquele bar Arlindo Fábio Souza e Luiz Fernando Ferreira, que eram vice-presidentes da Fiocruz, e Sergio Arouca, então presidente da Fundação.Os tempos eram promissores: o Brasil caminhava para a redemocratização e, na Saúde, a sociedade se organizava no movimento da Reforma Sanitária. Algumas das bandeiras dessa luta eram a Saúde como direito universal e uma sociedade mais justa, considerando-se, dentre outras coisas, que as doenças tinham também determinantes sociais. Pois a escola de saúde baseada na politecnia que nascia desse contexto vinha defender que a educação também era um direito e que a formação técnica deveria ser ampliada, preocupada não só com os conhecimentos específicos para a prática profissional mas também com os condicionamentos históricos e sociais do mundo do trabalho em saúde.Quando se propunha a integralidade da Saúde, a criação da EPSJV trazia à tona a integralidade na formação. Embora localizada, era mais uma ruptura.

Do começo

A Escola foi criada no dia 19 de agosto de 1985, homenageando, no nome, um profissional de nível médio que trabalhou durante cerca de 35 anos com Adolpho Lutz, no IOC, aprendeu zoologia e colaborou em muitos de seus trabalhos. Só em 1989 a Escola se tornou uma unidade técnico-científica da Fiocruz.Começou oferecendo cinco cursos, além de três projetos, dentre eles o Provoc, de vocação científica, e o supletivo de 1º grau.Já nessa origem estava o objetivo de trabalhar tanto com o adulto trabalhador como com jovens em idade escolar. A idéia era atender às demandas emergenciais,mas também dar respostas a problemas mais estruturais. “O investimento na iniciação científica também contribuiu para que a Escola tivesse uma concepção e uma prática diferente daquela voltada para o treinamento, que ainda era hegemônica”, explica André Malhão, atual diretor da Escola.

Hoje, a EPSJV oferece diversos cursos de formação inicial ou continuada para trabalhadores do SUS, cursos técnicos isolados ou integrados ao ensino médio, especializações técnicas e uma pós-graduação,em educação profissional em saúde (EPS).Faz pesquisas, produz conhecimento no tripé ‘Trabalho, Educação e Saúde’, elabora material didático, desenvolve uma biblioteca virtual em EPS, coordena o Proformar,edita a revista científica ‘Trabalho, Educação e Saúde’ e sedia a Estação de Trabalho Observatório dos Técnicos em Saúde, integrante da Rede de Observatórios de RH em Saúde (RORHES). Além disso, é centro colaborador da OMS para a Educação de Técnicos em Saúde e, mais recentemente, secretaria executiva de uma rede internacional de técnicos em saúde. “Junto com outras instituições governamentais e da sociedade civil, inclusive as ETSUS, a EPSJV tem contribuído para colocar o aprofundamento da Reforma Sanitária e do SUS no centro do debate público, tendo como princípio a defesa da formação integral do trabalhador da saúde”, diz o diretor.

E o que falta? André responde:criar um mestrado em educação profissional em saúde e ampliar a especialização que já existe em Educação Profissional.“Acreditamos que os professores precisam se especializar nessa área para que possam resistir à idéia de que formar técnicos é apenas dar aulas”, explica. Além disso, ele diz que é preciso consolidar as experiências de cooperação que já existem, como a BVS e o observatório, tornando-os um centro de documentação para subsidiar pesquisas em educação profissional em saúde, e implantar um sistema de gestão de informação escolar que possa colaborar para as demandas das ETSUS em todo o território nacional.Para um futuro já com data quase marcada, há também o projeto de um Fórum Internacional de Educação Profissional, que deverá acontecer em 2006, também com a participação das ETSUS. Por fim (pelo menos por enquanto), o diretor cita a ampliação das parcerias da Escola com os outros elos da RET-SUS.

Um convite

Uma série de eventos ao longodo ano vão compor as comemorações dos 20 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Vários deles — peça de teatro, documentários, sarau — aconteceram no dia 19 de agosto, quando os funcionários, alunos e amigos da Escola se reuniram para cantar os ‘parabéns’.Desde esse dia, a EPSJV sedia uma ex-posição de fotos e textos contando sua origem, que se confunde com a da Saúde Pública e com a própria redemocratização brasileira. Se passar pelo Rio de Janeiro,não deixe de visitar.

Colaborou a equipe do Projeto Memória 20anos da EPSJV.

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