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11/06/2015 Versão para impressãoEnviar por email

ESP-MG comemora 69 anos com arte e reflexão

A Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG) comemorou, no dia 2 de junho, 69 anos de criação.  Sob o lema No caminho da educação permanente e da gestão participativa, as atividades comemorativas foram iniciadas com a intervenção artística da grafiteira mineira Raquel Bolinho nos muros internos da escola e a encenação do grupo de teatro Saúde em Cena, formado por servidores voluntários da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a quem a escola mineira está vinculada. O esquete retratou com humor o dia a dia no trabalho e trouxe temas atuais para reflexão como gestão participativa e novos rumos.

A cerimônia oficial, em formato sala de visita, foi composta pela diretora-geral da ESP-MG, Roseni Sena, pelo secretário estadual de Saúde de Minas Gerais, Fausto Pereira dos Santos, pela secretária-adjunta de Saúde do estado, Alzira de Oliveira Jorge, pelo vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES-MG), Ederson Alves da Silva, e pela promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Josely Ramos Pontes.

Roseni lembrou a trajetória da ESP-MG, ressaltando importantes cursos e momentos marcantes. “Em sua trajetória, ao longo de quase sete décadas, já são cerca de 280 mil trabalhadores capacitados pelas nossas ações educativas em todo o estado. E hoje, com essa gestão participativa, nosso quadro de servidores está fortemente engajado no SUS e na defesa da vida”, comemorou, enfatizando a vocação da escola no campo da saúde pública, que em 69 anos abrigou muitos alunos que se tornaram gestores, autoridades públicas e pessoas atuantes no movimento social, político e cultural do país.

 

Vivências no SUS

A programação de comemoração contou, também com relatos emocionantes sobre algumas experiências com a saúde pública, a educação permanente e os saberes populares. A professora da Universidade Estadual de Londrina, Rossana Estaevi Badui, ao abordar o tema Educação Permanente no SUS: avanços e apostas, focalizou a importância de ouvir o outro para o aprimoramento dos serviços de saúde. “No SUS temos que criar espaços para que as pessoas se coloquem como partes do processo de construção. Quem aprimora o sistema são os trabalhadores, os usuários e todos os atores envolvidos e cada um tem seu saber, sua experiência. É nesse espaço de ouvir que a educação permanente acontece”, disse.

O médico sanitarista e participante ativo do movimento da Reforma Sanitária no Brasil, Francisco de Assis Machado, o Chicão, falou sobre sua autobiografia lançada em 2013, sob o título O SUS que eu vivi (disponível para download em http://migre.me/q88Xd), em que relata sua vasta experiência na Saúde Pública, em Minas Gerais.  Com fala pausada e emocionado, ele contou que durante a sua prática profissional aprendeu que perguntar, ser ousado e conversar com as pessoas é essencial e a maneira mais efetiva de cuidar das pessoas. “Temos que reconhecer a experiência do outro e suas opiniões e mesmo diante das impossibilidades persistir em nossos ideais”, orientou.

 

Saber popular

Coube a educadora popular e integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Lúcia Martins Pereira, falar sobre o trabalho desenvolvido na ESP-MG que culminou no livro Cuidados em Saúde Mental: diálogos entre o MST e o SUS. Tratou-se da Oficina de Educação Popular em Saúde Mental para populações assentadas e acampadas em projetos de Reforma Agrária de Minas Gerais, realizada entre os anos de 2013 e 2014. “Foi uma experiência muito valiosa, onde aprendemos a lidar e ter sensibilidade com as questões que atingem nosso assentamento, como alcoolismo e depressão”, revelou.  

Lúcia faz parte do assentamento do MST no município de Jampruca, no Vale do Rio Doce, revelando que as mulheres que estiveram na escola mineira para o curso se modificaram. “Entramos aqui com nossa ‘casca grossa’, uma casca marcada por lutas, desigualdades e preconceitos, mas aprendemos tanto sobre a saúde mental que saímos com uma nova visão, uma visão da vida fora de nossas lonas. Como homens e mulheres do campo, desassistidos pelo Estado e marginalizados pela sociedade, nunca imaginamos que teríamos alguma coisa para ensinar, mas viemos aqui e ensinamos, a simbologia do homem do campo resiste e com a cabeça erguida”, declarou. 

A celebração dos 69 anos da ESP-MG foi encerrada com a confraternização dos servidores e com o tradicional bolo de aniversário, feito há mais de 10 anos pela servidora Fátima Camarinho, da Secretaria de Ensino. Em seguida, os funcionários foram presenteados com a performance do grupo musical Mutável Saralho Band, em uma mistura de sarau, literatura brasileira e blues.

 

Nota produzida com a colaboração das assessoras de comunicação da ESP-MG, Ricarda Caiafa e Sílvia Amâncio.

Legenda da foto: Teatro Saúde em Cena abre comemoração de 69 anos da ESP-MG

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