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15/09/2016 Versão para impressãoEnviar por email

ESP-MT expõe experiência de formação indígena na China

A Escola de Saúde Pública do Mato Grosso (ESP-MT) apresentará na 9ª Conferência Global sobre a Promoção de Saúde, que será realizada em Xangai, na China, de 21 a 24 de novembro de 2016, a experiência de formação profissional de dezessete indígenas no Curso de Auxiliar em Saúde Bucal.  Selecionado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o curso foi considerado pioneiro no Brasil e, por meio da ESP-MT, fez a diferença no processo de qualificação desses profissionais, bem como na melhoria da qualidade de vida e saúde da população indígena do estado.

A formação aconteceu entre 2013 e 2014, suprindo a necessidade que as comunidades tradicionais tinham em relação à atenção em saúde bucal. Muitos já desenvolviam ações de odontologia sem a devida qualificação, tomando decisões que requeriam ações articuladas entre os conhecimentos tradicionais de cada povo e da medicina não indígena.  Nesse contexto, a ESP-MT ofertou o curso para os indígenas da etnias Bakairi, Bororo, Chiquitano, Enawênê-Nawê, Guató, Irantxe, Myky, Nambikwara, Paresi e Umutina.

 

Acesso e inclusão

A qualificação dos auxiliares em saúde bucal indígena teve como propósito redesenhar o quadro de atenção à saúde bucal dos povos indígenas no Mato Grosso e de sua possível inclusão no serviço, possibilitando o deslocamento do foco de atenção odontológica centrada na doença (curativa/individual) para a construção de estratégias pautadas na promoção da saúde (prevenção/coletivo), buscando dar respostas adequadas à demanda nas situações de agravo, priorizando e intensificando o trabalho preventivo e de promoção da saúde. O turma piloto recebeu financiamento do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (Profaps) do Ministério da Saúde.

O currículo proposto levou em consideração as especificidades indígenas e os conhecimentos técnico-científicos relacionados à área da saúde bucal, a fim de legitimar a importância desses trabalhadores em suas comunidades e no interior das equipes de saúde indígena. Nesse contexto, foram consideradas a visão de mundo e os conceitos do processo saúde-doença, o adoecer e as práticas de autoatenção, inerentes a cada cultura, com vistas a estabelecer uma relação de complementaridade em favor da saúde e bem-estar da população.

A metodologia está inserida no campo da educação crítica, tendo por princípios a articulação teoria-prática, a construção coletiva do conhecimento a partir do referencial cultural dos próprios auxiliares de saúde bucal indígena e a relação indissociável entre o processo de formação e a organização dos serviços. As atividades didáticas foram desenvolvidas em etapas de planejamento e avaliação, que objetivaram o preparo pedagógico dos docentes, de concentração, por meio da qual foram desenvolvidas as atividades teóricas-práticas ou situações contextuais, e etapas de dispersão, com ênfase no contexto real de trabalho na comunidade ou nos serviços de saúde indígena.

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