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11/06/2007 Versão para impressãoEnviar por email

ETSUS Roraima forma maior turma de AIS do país

Nos dias 25 e 26 de abril, a Escola Técnica de Saúde do SUS em Roraima organizou o evento de formatura de 372 agentes indígenas de saúde (AIS), de 259 comunidades do distrito sanitário especial indígena do leste de Roraima (DSEI Leste). Estiveram presentes na cerimônia Renato Fonteles, representando Ena Galvão, coordenadora geral das ações técnicas da SGTES/MS; Williams Pimentel, Raimunda Ferreira e Denize Lentini, da Funasa; Ramiro Teixeira e João Ponciano, da Funasa de Roraima; José de Anchieta Júnior, vice-governador do estado; Eugênia Glaucy, secretária de estado da saúde; Luciano Moreira, secretário de estado de educação; Adriano Nascimento, secretário de estado do índio; Clóvis Ambrósio e Dionito José de Souza, respectivamente presidente e coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR); além de prefeitos e secretários municipais de saúde de vários municípios e profissionais da ETSUS.

No dia 25, o evento contou com a exposição de trabalhos dos alunos intitulada ‘AIS: produção, trabalho e vida’. Também foram exibidas fotografias e filmagens realizadas pelos formandos durante o curso de artesanato indígena.  À noite, aconteceu o lançamento do CD ‘A saúde está em nossas mãos’, composto de seis músicas, escolhidas entre as várias gravadas pelos agentes nos momentos de concentração, que parodiam produções conhecidas mas falam sobre doenças como diabetes, malária, alcoolismo e desnutrição. Todas as músicas foram cantadas ao vivo pelos próprios AIS, que também aproveitaram a ocasião para lançar a ‘Cartilha sobre Tuberculose’, escrita e ilustrada por eles.

Na manhã do segundo dia, o tema ‘A importância da Formação Profissional Indígena para o Sistema Único de Saúde’ foi discutido em uma mesa-redonda, com a participação dos profissionais presentes. A entrega dos certificados, ocorrida à noite, contou com a participação de pajés e a apresentação de danças e rituais indígenas. Na cerimônia, a secretária estadual de saúde enfatizou que a formatura dos agentes representa um marco no processo de implantação efetiva do SUS em Roraima. “Agora, sim, mostramos que compreendemos o discurso do SUS e da própria Constituição Brasileira, que defende que saúde é um direito de todos e que cabe ao poder público a promoção de políticas de saúde que levem em consideração as diferenças culturais”, afirmou.

Esse curso de Educação Profissional Básica para Agentes Indígenas de Saúde começou a ser realizado no estado em 1995, sob a coordenação dos Médicos sem Fronteiras. Em 2001, a Funasa e o CIR implementaram a proposta modular do curso, vigente até hoje, direcionada à construção de competências e habilidades, seguindo a metodologia problematizadora. Porém, somente em 2006, devido à necessidade de uma instituição de ensino com amparo legal para certificação de profissionais, a ETSUS passou a participar oficialmente da formação dos AIS. Desde então, a Escola resolver fazer mais do que certificar: um grupo de técnicos da ETSUS acompanha as aulas e o trabalho diário dos docentes e dos AIS nas comunidades, que compreende visitas domiciliares, palestras para orientar a população sobre cuidados com a saúde e fornecer informações sobre o SUS, preenchimento de formulários e livros de ocorrência. A equipe da ETSUS também realizou uma pesquisa documental nos arquivos do CIR, para conhecer os relatórios de atividades, os diários dos docentes e as listas de freqüência e de desempenho dos alunos. “Além de estudar a proposta do curso e verificar na prática como ele era desenvolvido, fizemos entrevistas com os profissionais da Funasa e do CIR, os próprios AIS, as lideranças indígenas e os usuários, para identificar os impactos positivos e negativos de todo o processo de formação. Nós não certificamos os AIS que não foram aprovados pela comunidade”, conta Alda, que, além coordenadora do curso, é vice-diretora da ETSUS. O curso teve duração de 1.150 horas — 790 de concentração e 360 de dispersão, nas próprias comunidades dos AIS — distribuídas em seis módulos.

Segundo a vice-diretora da ETSUS, o grupo de AIS formado pela Escola foi o maior do país. “Nosso próximo passo é elevar a escolaridade desses agentes, para que eles possam fazer o itinerário técnico, que exige ensino médio”, diz.

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