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01/04/2006 Versão para impressãoEnviar por email

Ministério da Saúde desenvolve Convocatória de Pesquisa para ETSUS

A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde – SGTES/MS vê na consolidação da pesquisa como princípio educativo uma premissa fundamental para a formação dos trabalhadores da saúde. E para introduzir essa idéia na formação de técnicos, elaborou uma Convocatória de Pesquisa voltada para as Escolas Técnicas do SUS.

O edital, financiado pelo Profae, tem como finalidade incentivar a produção científica de professores e alunos sobre a educação profissional em saúde. A intenção é que, em Escolas sem perfil e histórico de pesquisa, a Convocatória atue como embrião para a produção do conhecimento.

Para dar assessoria ao desenvolvimento dos projetos e capacitar os profissionais e estudantes participantes, o Ministério pediu o auxílio de pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), do Rio de Janeiro, instituição com maior tradição de pesquisa em educação profissional em saúde. Eles realizaram oficinas de dois dias em cada uma das 29 Escolas que solicitaram a consultoria.

De acordo com Carlos Batistella, que deu assessoria à Escola de Formação Profissional Enfermeira Sanitarista Francisca Saavedra, de Manaus, e à Escola Técnica de Saúde de Blumenau, foi determinada, em reunião preparatória, uma ‘tripla função’ para os orientadores. As ações abrangiam a leitura dos formulários da Convocatória, para esclarecimento dos itens, e a discussão dos aspectos metodológicos da construção do projeto, incluindo considerações quanto ao objeto de pesquisa. O objetivo primordial, no entanto, era explicar a importância da pesquisa e da produção de conhecimento para a formação. “As ETSUS estão mais acostumadas a elaborar projetos de intervenção. Procuramos dar compreensão do que é pesquisa, e de como articulá-la com o ensino”, disse.

Angélica Fonseca , que visitou a Escola Técnica de Saúde de Brasília e o Núcleo de Educação e Formação em Saúde, no Espírito Santo, disse que os participantes da oficina pareciam muito provocados pela discussão. “Houve troca intensa em torno do objeto”, concluiu.

O resultado e empenho dos participantes das oficinas – entre eles professores, alunos, equipe técnica, coordenadores e diretores – foi positivo: até a data-limite, 17 de março, foram enviados 25 projetos. “Se o prazo não fosse tão curto e o processo corrido, poderíamos ter Escolas mais mobilizadas e até projetos melhores”, opinou Batistella.

Leda Zoraide, da SGTES/MS, que coordenou esse processo, afirmou que a Convocatória é apenas um primeiro passo no incentivo à produção científica nas ETSUS. “O estímulo dado pelo Ministério da Saúde não vai parar por aqui.  Nós entendemos que é preciso contribuir para que as ETSUS tenham capacidade técnica de desenvolver pesquisa”, disse.  Leda também falou sobre a importância de mostrar outras formas de financiamento de pesquisa para as Escolas, que teriam se demonstrado muito dispostas a se dedicar a essa área.

Para Isabel Brasil, vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da EPSJV, que coordenou a assessoria, apesar do limite de tempo, os resultados foram ótimos. “Isso mostra que essas Escolas, quando incentivadas, podem perfeitamente se desenvolver”, constatou. Para ela, há que se instituir uma política na qual os programas não sejam eventuais, mas com consistência e fomento constante.

A coordenadora do projeto elaborado pelo Cefope, do Rio Grande do Norte, Lêda Hansen, que recebeu assessoria de Gaudêncio Frigotto, pensa da mesma forma. Ela acredita que o ‘bichinho da pesquisa’ tenha mordido todas as Escolas, por mais que nem todas venham a ter bons resultados na Convocatória. “Só o fato de nos reunirmos em torno de uma idéia já foi um grande avanço. A investigação criou em todos nós um espírito de pesquisa no decorrer da elaboração do projeto. Mesmo que o nosso não seja aprovado, vamos procurar outra forma de financiamento, pois agora já estamos completamente envolvidos!”, afirmou.

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