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Formação técnica em saúde mais fortalecida

Ministério da Saúde lança coletânea de material didático para o fortalecimento de cursos técnicos oferecidos pelas ETSUS.

Flavia Lima

Iniciativa inédita, para a qual o Ministério da Saúde (MS) destinou R$ 5,5 milhões, a coletânea de material didático que atende a quatro áreas prioritárias do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (Profaps) — Vigilância em Saúde, Radiologia, Hemoterapia e Citopatologia — teve seu lançamento realizado em Brasília, durante o Seminário Nacional Profaps, nos dias 11 e 12 de junho, depois de intenso trabalho que envolveu especialistas de todo o país. As publicações — produzidas sob a orientação da Coordenação de Ações Técnicas de Educação na Saúde do Departamento de Gestão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Deges/Sgtes/MS) — foram também apresentadas durante a primeira das cinco oficinas regionais sobre o Profaps, realizada no Amapá, nos dias 13 e 14 de agosto. “Esses materiais não foram construídos a partir de um resumo de livros do nível superior. Pelo contrário, tudo foi elaborado e pensado para a formação de nível médio”, destacou o coordenador-geral de Ações Técnicas de Educação na Saúde, Aldiney Doreto.

Citopatologia

As quatro publicações que formam o material didático em Citopatologia — Atlas de Citopatologia Ginecológica (versão impressa e digital), Caderno de Referência 1 - Citopatologia Ginecológica, Caderno de Referência 2 - Citopatologia não Ginecológica e Caderno de Referência 3 - Técnicas de Histopatologia — têm como objetivos promover e aprimorar a qualificação técnica dos alunos, bem como orientar as escolas quanto à organização e ao planejamento de seus processos formativos, provocando impacto na qualidade dos cursos e no perfil da formação. “A ideia é proporcionar uma visão geral e detalhada de todas as doenças que podem afetar o aparelho genital do ponto de vista da Citopatologia”, revelou a professora Daisy Nunes de Oliveira, mestre em Anatomia Patológica e médica citopatologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela foi responsável pela elaboração do Atlas — que traz três mil imagens — e dos cadernos de referência 1 e 2. “Procurei diversificar ao máximo o conteúdo apresentado nesses cadernos, servindo não somente aos técnicos como também aos citopatologistas”, revelou.
Para elaborar as publicações, a professora tomou como base alguns livros disponíveis na área e, sobretudo, a sua experiência profissional. “Venho coletando material há mais de 20 anos. Primeiro, pensei em revelar o conteúdo básico, que são as células. Depois, as alterações dessas células, desde os processos benignos, passando pelas lesões inflamatórias, até chegar às células cancerígenas, tanto às mais comuns quanto às mais raras. Mas, o ponto-chave desse tema é o colo do útero”, enumerou.
Diretor técnico de serviço de saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), o professor Abel Dorigan Neto participou da elaboração do Caderno de Referência 3 - Técnicas de Histopatologia. Ele revelou que a bibliografia sobre a área encontrada no mercado está bastante desatualizada, o que o motivou a participar desse trabalho. “Procurei utilizar uma linguagem técnica, desde a coleta do material até a entrega ao médico patologista para o diagnóstico”, explicou.
Segundo Neto, que atualmente coordena o Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, o livro baseou-se em informações coletadas em oficinas realizadas por ele e sua equipe do Hospital das Clínicas. “Todos os passos do processamento histológico são abordados com detalhes e acompanhados por ilustrações e fotos”, contou.

Vigilância em Saúde

O material de referência em Vigilância em Saúde é composto por um livro com diretrizes e orientações para a formação e um DVD, trazendo indicações de publicações e textos sobre a área. “O DVD, por exemplo, resgata a discussão de um curso técnico que aborda todos os componentes da Vigilância em Saúde e do mapa de competências das diretrizes curriculares”, anunciou Mônica Durães, consultora técnica do Deges/Sgtes.
Uma das autoras, a pesquisadora em Saúde Pública e coordenadora da Cooperação Internacional da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Grácia Maria de Miranda Gondim, lembrou que muitos textos e livros indicados no DVD começaram a ser produzidos em 1999, com base no Curso Técnico em Vigilância em Saúde da EPSJV. “O Ministério da Saúde solicitou à escola estruturar uma proposta de formação para 24 mil trabalhadores da Fundação Nacional de Saúde, os chamados guardas de endemias ou agentes de saúde pública, que desenvolviam ações de campo no controle de doenças e epidemiologia”, recordou.
Além da formação, foi proposto à escola a produção de um material didático que não fosse instrucional nem prescritivo, servindo de apoio ao processo de ensino-aprendizagem. Com vistas a apoiar o então Programa de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde, diversos autores nacionais, selecionados segundo o conhecimento acumulado na área, produziram uma série de publicações, entre elas sete livros, um caderno do aluno, um caderno do tutor e um caderno de trabalho de campo.
Na ocasião, foram impressos 300 mil exemplares de todas as publicações, além de três vídeos editados pelo Canal Saúde da Fiocruz. “Esse material didático, pioneiro no âmbito da formação técnica de nível médio, foi utilizado em todos os processos formativos”, revelou Grácia, para quem o material produzido naquela ocasião permitiu o exercício da interdisciplinaridade no processo de ensino-aprendizagem e agregou às práticas dos profissionais outros elementos e conteúdos do campo da Saúde Coletiva.

Hemoterapia

Produzido por 23 autores, o Livro Técnico em Hemoterapia foi organizado em 21 capítulos que revelam os cenários político, social e cultural da área, os aspectos técnicos do ciclo do sangue, os conceitos em torno da terapia celular, entre outros assuntos correlatos. Segundo uma das autoras, a médica hematologista e coordenadora do Hemocentro de Ribeirão Preto, Eugênia Ubiali, a publicação surgiu da necessidade de elaborar um material de apoio pedagógico ao curso técnico. “Idealizou-se a construção de um livro texto, de fácil leitura, que trouxesse os conceitos relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS), à política de sangue e de hemoderivados do Brasil e as atividades técnicas em Hemoterapia”, explicou. De acordo com ela, a publicação traz as bases teóricas da Hemoterapia de maneira aprofundada.
As ETSUS passam a contar com uma ferramenta orientadora dos processos formativos dessa área e a Hemorrede do país, com recursos didáticos a serem adotados no processo de educação permanente dos trabalhadores de nível médio. 

Radiologia

Facilitar o acesso aos conceitos e proporcionar a interatividade entre os conhecimentos médico e da física que fazem parte da Radiologia. “Esses foram os objetivos centrais da hipermídia produzida para a formação técnica na área”, revelou a coordenadora-geral do material didático, me?dica radiologista e professora do Curso Superior de Radiologia da Universidade Federal do Parana?, Neysa Tinoco Regattieri. Seguindo o conceito da palavra, a Hipermídia traz documentos, imagens e textos sobre a ciência que estuda a visualização de ossos, órgãos ou estruturas por meio do uso de radiações. O material foi elaborado pelo Ministério da Saúde, Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
De acordo com Neysa, a ideia surgiu em 2010, quando ela e a professora Tânia Furquim, fi?sica-me?dica do Instituto de Fi?sica da USP, participaram de um grupo de trabalho que reuniu médicos, radiologistas, enfermeiros, dentistas e físicos relacionados à área, para discussão do que seriam as diretrizes e as orientações do curso técnico — sistematizadas e publicadas pelo Ministério da Saúde em 2011, com o chamado Livro Amarelo, devido à cor da capa. “Depois do livro, percebemos a necessidade de criar um material didático que desse maior sustentação ao curso técnico. O Ministério da Saúde se interessou pela ideia e escrevemos um projeto”, recordou Neysa. “Esse material abarca todos os conceitos necessários à formação e mostra o que é essencial para essa habilidade”, acrescentou Tânia.

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