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aluno em foco
O olhar discente sobre o campo da Comunicação e Saúde

Alunos do Curso Técnico em Vigilância em Saúde produzem boletim informativo sobre a prática profissional.

Ana Paula Evangelista

Comunicação, informação e criatividade para a promoção da saúde. Esse foi o mote da atividade proposta aos alunos do Curso Técnico em Vigilância em Saúde do polo descentralizado em Cajazeiras, oferecido pelo Centro Formador de Recursos Humanos da Paraíba (Cefor-RH-PB). Como resposta à demanda, os estudantes produziram um boletim, em que registraram todas as atividades que aconteceram no decorrer do curso e apresentaram ações de integração com a comunidade e novas formas de se trabalhar com o tema Saúde. “Produzir esse boletim significou contribuir para a nova identidade dos profissionais que atuam como agentes de combate a endemias. Dessa forma, a população poderá conhecer melhor nossa função e como trabalhamos na promoção da saúde”, observou o aluno Felipe Marcelino da Silva, que é também apresentador de um programa esportivo da rádio local. Ele usou seu talento na área da Comunicação para, junto com os outros 29 colegas de turma, criar o boletim informativo intitulado Nossas Memórias.
A publicação, composta por uma página frente e verso, traz um editorial, depoimentos, notícias sobre as atividades do curso, charge, além de paródias que tratam da promoção da saúde. Todos os tópicos foram escolhidos e desenvolvidos pelos alunos. O planejamento editorial foi baseado em revistas e jornais de grande circulação, usando uma linguagem coloquial, dinâmica e de fácil compreensão. O que se quis, com isso, é que o material seja divulgado para além do ambiente da escola e que outros cursos possam adotar a iniciativa como parte da formação.
Na avaliação da coordenadora do curso, Jeanne Maria Oliveira, a produção do boletim foi uma forma de externar o desejo de socialização dos alunos. “Sou educadora popular e, desde a minha adolescência, estou engajada com movimentos sociais, de onde trago a experiência com esses tipos de atividades”, informou ela, em alusão à proposta feita aos alunos do curso técnico. Para ela, esse meio de comunicação, apesar de simples, traz novas perspectivas para os alunos, incluindo a ideia que a promoção da saúde está pautada em vários aspectos, entre elas a comunicação.
Jeanne explica que a ideia de criar a publicação está pautada na metodologia inovadora utilizada pela escola, a chamada Curva Pedagógica. O método foi criado pela docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Elisa Gonsalves, e busca contemplar os momentos de aprendizagem teóricos e práticos. A Curva Pedagógica cria efetivos espaços para a aprendizagem sobre o que a autora denomina de “competência afetiva”. Segundo Elisa, esta é uma ferramenta que permite o desenvolvimento de práticas humanizadas em saúde. Por sinal, harmonização, pactuação, ativação, preparação, concentração, aplicação e celebração compreendem as sete etapas do método, que foi anteriormente testado, com grande sucesso, com turmas de jovens e adultos no Brasil e com crianças na Colômbia, incluindo a turma do Curso Técnico em Vigilância em Saúde de Cajazeiras.
Os resultados positivos do trabalho são observados nos depoimentos dos próprios alunos. “Já estamos trabalhando de forma diferenciada. Antes, eu considerava que ser saudável bastava não estar doente. Hoje, eu entendo que saúde vai muito além da ausência de doenças, é um bem estar físico, mental, social”, disse Franciélio Limeira Adriola, que atua como agente de combate a endemias há nove anos e, atualmente, almeja tornar-se técnico em vigilância em saúde como forma de potencializar sua atuação profissional.
O mesmo constata a aluna Maria de Lourdes Lima. “Eu gostei muito de participar desse projeto, porque mostrou que podemos colaborar e levar informações importantes de forma diferenciada, seja através de paródias, pesquisas, entrevistas etc.”, revelou. Para ela, o boletim permite alcançar com eficácia e eficiência a população usuária do SUS. “Não imaginava que dentro da nossa atuação estaríamos capacitados para fazer um boletim de educação permanente”, comentou.
O trabalho desenvolvido pelos alunos encontra justificativa no conceito de Comunicação e Saúde, que, segundo o Dicionário da Educação Profissional em Saúde (verbete Comunicação e Saúde, p. 94, autores Janine Miranda Cardoso e Inesita Soares de Araújo), pode ser definido como “um termo que indica uma forma específica de ver, entender, atuar e estabelecer vínculos entre campos sociais”.
O próximo passo é usar o instrumento de comunicação para tratar de ideias mais complexas, como a luta pela criação do cargo de Técnico em Vigilância em Saúde nos municípios do estado. A formatura da turma de Cajazeiras está prevista para o fim de 2013, porém não há nenhuma perspectiva de reconhecimento desses profissionais na Paraíba. “Nossos alunos estão sendo estimulados a lutar para que essa função exista nos municípios. Com a ajuda do sindicato e com base em um plano de cargos e carreiras, vamos buscar junto ao governo do estado a criação do cargo”, anunciou Jeanne.

A formação mora ao lado

Cajazeiras é uma cidade do interior do estado que pertencente à Mesorregião do Sertão Paraibano. O escolha por esse município para receber o Curso Técnico em Vigilância em Saúde foi motivada pela distância que os alunos teriam que enfrentar até a sede do Cefor-RH-PB, localizado na capital João Pessoa, a 468 km de Cajazeiras. Ainda, devido à distância, a formação abarca os profissionais dos municípios vizinhos, o que reduz a evasão escolar.
Além de Cajazeiras, o Técnico em Vigilância em Saúde é oferecido nos polos descentralizados de Campina Grande, com duas turmas, Patos, Monteiro, Catolé do Rocha e Cuité, com uma turma em cada, e na sede João Pessoa, com outras duas turmas. Com 1.440 horas de aula, o curso está dividido em quatro eixos temáticos: Desenvolvendo as relações humanas, a coletividade e o cuidado mútuo; Saúde e Vigilância em Saúde; Processos de ação em vigilância em saúde; e Vigilância em saúde, sociedade, educação e ação comunicativa. Na formatura da turma de Cazajeiras, prevista para o fim deste ano, será realizado um seminário e uma festa de comemoração.

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