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Jovens e escolarizados são os que mais se automedicam no Brasil

Em sua segunda fase, a Pesquisa sobre o Uso Racional de Medicamentos no Brasil, do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), revelou que o consumo de medicamentos sem qualquer critério médico muda radicalmente de acordo com a faixa etária dos brasileiros. Entre os 16 e os 24 anos, 90,1% das pessoas chegam a se medicar sozinhas. Dos 56 anos em diante, o índice cai para 51,8%. Na faixa de 25 a 40 anos, a automedicação chega a 77,5% e, entre aqueles com 41 a 55 anos, o total é de 66,7%. Segundo Marcus Vinicius de Andrade, diretor de pesquisas do ICTQ, a diferença pode ser explicada pelo amadurecimento e maior consciência sobre riscos presentes entre os mais velhos. Já os jovens, por serem mais imediatistas, costumam ir direto aos sites de pesquisas e procuram o que acham que devem usar.

O estudo indica, ainda, que a prática da automedicação está relacionada ao grau de instrução e à renda dos brasileiros: quanto maior o nível de ensino, maior é o índice de autoconsumo de medicamentos. Entre os que têm ensino fundamental, o índice chega a 50,9% e, para os que completaram o ensino superior, o total é de 84,8%. Já homens e mulheres apresentam índices percentuais semelhantes: 76,7% entre o sexo masculino e 75,1% entre o feminino, na média de todas as idades.

Segundo a pesquisa, ter sempre um medicamento ao alcance das mãos para o consumo imediato faz parte do cotidiano de 54,4% da população, que costuma carregar as pílulas diariamente na bolsa ou na carteira — quase sempre, em condições inadequadas de armazenamento. Foi também identificado que o hábito de não conferir as datas de fabricação e de vencimento faz parte de 32,2% dos brasileiros, sendo que 75,5% dos homens e 76,5% das mulheres guardam as sobras dos remédios para consumo posterior, a qualquer tempo. Ao todo, 46,1% não leem as bulas, e 23,9% revelaram não entender as informações que elas trazem.

Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores está relacionado ao uso de analgésicos. No total, 16,5% da população declararam consumir esse tipo de medicamento toda semana, para qualquer sintoma de desconforto, e 65% não têm o hábito de consultar o farmacêutico e procuram somente o balconista ou o vendedor da farmácia. Apesar das exigências impostas, o uso de antibióticos sem receita ainda é prática entre 18,4% da população e o de medicamentos controlados, de tarja preta, entre 8,2%. A pesquisa avaliou 1.480 pessoas, entre os dias 25 de março e 3 de abril de 2014, em 12 capitais brasileiras.

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