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escola em foco
Etsal: um novo olhar sobre a gestão da educação em saúde

Escola técnica do SUS de Alagoas busca na formação o fortalecimento do sistema público de saúde regional.

Flavia Lima

 

Aos 62 anos de idade, a Escola Técnica de Saúde Professora Valéria Hora (Etsal) apresenta um modelo de gestão da educação em saúde ao estado de Alagoas voltado para a formação de profissionais nos níveis básico, técnico e pós-técnico segundo os princípios, as diretrizes e as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). “A Etsal tem como objetivo atuar na formação de profissionais de nível médio na área da saúde, fortalecendo o sistema público de saúde regional”, frisou a diretora da escola, Janaína Duarte Andrade. A qualificação do processo formativo, por meio de cursos adequados às necessidades do setor, a inovação da formação técnica, o desenvolvimento de práticas pedagógicas que problematizem o processo de trabalho em saúde, a disseminação da cultura interprofissional e o fortalecimento da vivência no SUS, estimulando a prática do trabalho em equipe, são algumas proposições da escola que se afirma como principal interlocutora entre ensino e serviço em saúde do estado.

Das formações em execução, destacam-se as 20 turmas da Complementação de Auxiliar em Técnico em Enfermagem, das quais dez se formam entre agosto e setembro deste ano. Em janeiro e fevereiro, a escola formou duas turmas do mesmo curso, uma em Matriz de Camaragibe e outra em Piaçabuçu. Entre o segundo semestre de 2014 e início de 2015, estão previstas duas turmas do Técnico em Hemoterapia, duas do Técnico em Radiologia, 22 turmas do Técnico em Vigilância em Saúde, 55 turmas da Qualificação em Agentes de Combate às Endemias e 11 turmas da Qualificação em Cuidadores de Idosos com Dependência. A maioria dos projetos conta com o apoio do Ministério da Saúde, por meio do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (Profaps). “A profissionalização técnica em saúde representa a maior força de trabalho no SUS. Isso implica um ‘boom’ de qualidade que o estado estava precisando”, revelou a diretora.

São 102 municípios alagoanos beneficiados por este modelo de gestão da educação, incluindo os cursos descentralizados.  O processo de descentralização, segundo Janaína, tem como público-alvo os trabalhadores de nível médio inseridos nos serviços de saúde e que buscam a formação específica para o exercício profissional. Ele é resultado de uma pactuação com os gestores municipais, que disponibilizam a estrutura física para a realização das aulas teóricas e a alimentação de alunos, bem como a liberação dos trabalhadores.  “A Etsal realiza o pagamento dos docentes e fornece o material didático, o uniforme e o seguro-aluno”, informou. À escola cabe, ainda, a supervisão técnico-pedagógica, realizada mensalmente, dando subsídios quanto ao andamento das turmas e contribuindo para a qualidade do processo ensino-aprendizagem.

Além dos cursos, a escola promoveu, em março de 2014, a Oficina de Metodologias Ativas. Fruto de uma parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e parte do projeto de mestrado em Ensino na Saúde da professora da escola Rudja Abreu, o trabalho resultou no desenvolvimento de novas estratégias educacionais e metodologias ativas a serem implantadas nos cursos da Etsal. Conduzida pelo professor Antonio Carlos Costa, docente do mestrado em Ensino da Saúde da Ufal, a oficina contou com a participação de cerca de 30 profissionais, entre coordenadores, gestores, docentes e demais profissionais da saúde ligados às atividades de ensino da escola. “A oficina representa um momento de aprimoramento no ensino técnico”, resumiu Janaina.

Trajetória

A história da Etsal remonta o dia 15 de abril de 1952, quando o Governo de Alagoas, a Cruz Vermelha, o Hospital Agro Indústria do Açúcar, a Santa Casa de Misericórdia, a Faculdade de Medicina de Alagoas, a Liga Alagoana contra a Tuberculose e a Sociedade de Assistência aos Lásaros criaram a então Escola de Auxiliar de Enfermagem de Alagoas. O início das atividades da instituição se deu com o curso de Auxiliar em Enfermagem, em 1953.

De acordo com Janaína, o estado chegou a contar com duas estruturas de formação de nível médio para o setor saúde: a Escola de Auxiliar de Enfermagem e o Centro Formador de Recursos Humanos para Saúde Doutor Waldir Arcoverde, criado em 1993, em atenção às demandas de formação — ambos ligados ao Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos de Alagoas. Em junho de 2004, as duas unidades foram fundidas, dando lugar à ETSAL, cujo nome homenageou a médica e primeira diretora da instituição, Valéria Hora. “A união dessas estruturas significou uma mudança física e administrativa, bem como definiu um novo cenário para o processo de formação técnica em saúde para Alagoas”, observou a diretora.

Em sua avaliação, a escola tornou-se peça fundamental na atenção das novas exigências e necessidades do SUS ao permitir e ampliar o acesso à formação, à capacitação e ao desenvolvimento de habilidades e competências dos profissionais que atuam no sistema de saúde. Vinculada à Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e pautada em um modelo de gestão participativa, a Etsal reafirma-se, desde então, como uma unidade de ensino de educação profissional que perpassa pelos níveis fundamental e médio. “A escola acredita que o aluno aprende pela construção progressiva da própria prática profissional, a partir de sucessivas aproximações entre ensino e serviço”, definiu Janaína. Para ela, a aprendizagem implica tempo de investigação e muita reflexão.
 

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