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De manicure a técnica em análises clínicas

Mãe de quatro filhos, egressa da ETSUS Acre não tem dúvidas da escolha profissional que fez há quatro anos.

Flavia Lima
 

Marisa da Silva Andrade, 36 anos, trabalhou durante muitos anos como manicure. Entre esmaltes, lixas e cutículas, essa não era a profissão almejada. Em 2011, ao tomar conhecimento do curso Técnico em Análises Clínicas, oferecido pela Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha (ETSUS-AC), ela decidiu dar um novo rumo à sua vida. “Estava acontecendo um projeto da comunidade, então fiquei sabendo do curso e fiz a inscrição”, revelou. A formação, iniciada em agosto de 2011 e concluída em dezembro de 2012, com duração de um ano e quatro meses (1.560 horas), rendeu a Marisa a inserção imediata no mercado de trabalho. O primeiro emprego na área técnica foi no laboratório da Santa Casa de Misericórdia do Rio Branco, onde trabalhou durante seis meses, realizando coleta laboratorial. Em seguida, ela foi trabalhar em um laboratório particular de Análises Clínicas, na cidade do Rio Branco (AC), onde atua hoje.

Ela não teve dúvida na escolha. “Quando vi a relação de cursos, me identifiquei logo de início. Durante a formação, tive certeza de que estava no caminho certo”, contou. Enquanto realizava o curso, Marisa participou de um projeto de doutorado da Universidade Federal do Acre (UFAC), no qual fazia coleta externa de material biológico dos moradores para fazer pesquisa sobre doenças crônicas. “Foi o meu primeiro trabalho como técnica. Ali, pude adquirir experiência, realizando a coleta laboratorial e externa”, recordou.

Foi a parte prática da formação que conquistou de vez a egressa da ETSUS Acre. “Quando cheguei ao meio do curso, nas aulas práticas, fui conhecendo melhor a profissão e me apaixonei”, frisou. A dedicação da aluna lhe rendeu bons frutos: ela foi indicada pela coordenadora da Área Técnica dos Cursos Técnicos em Análises Clínicas, Hemoterapia e Citopatologia da ETSUS-AC, Kelly Yarson, para trabalhar na Santa Casa de Misericórdia. “Acredito que meu esforço e dedicação fizeram com que ela acreditasse no meu potencial e me indicasse para a vaga”, afirmou. Para Marisa, o curso oferecido pela escola contribuiu não só para a prática profissional, mas também para seu crescimento e conhecimento na área.

Foco no ensino

A professora Kelly, que na época era mediadora da turma, contou que Marisa sempre manteve o foco em aprender. “Os laboratórios particulares sempre procuram a ETSUS em busca de profissionais. Indiquei a Marisa porque ela sempre foi uma aluna bastante interessada, sempre se destacou nas aulas práticas e laboratoriais, desempenhando um excelente papel”, enfatizou.

A técnica em Análises Clínicas destaca, ainda, a qualidade e a capacitação do corpo de docentes. “São profissionais excelentes, que realizam um trabalho diferenciado, cujo objetivo é preparar e capacitar o profissional e, por consequência, melhorar a qualidade de saúde da população. E hoje, graças ao curso, coloco em prática tudo que aprendi na minha formação”, salientou.

Marisa ressaltou que o conteúdo pedagógico oferecido pela escola sempre esteve focado na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). “Tanto a parte pedagógica quanto a estrutura laboratorial foram excelentes”, avaliou, revelando que foi o curso que permitiu mudanças positivas em sua vida. “Mudou muita coisa, tanto na parte financeira quanto na pessoal. Passei a conhecer a rotina dos departamentos de Saúde e a reconhecer o valor do trabalho na área”, citou. Além de uma nova profissão, a formação significou para ela a oportunidade de promover a melhoria dos serviços de saúde. “A qualificação profissional é o caminho para a excelência dos serviços prestados para uma saúde melhor para todos”, declarou, afirmando-se defensora dos cursos técnicos, especialmente na área da Saúde.

A técnica revela que, durante a formação, recebeu o apoio de toda a família. “Meus filhos, minha mãe e minha irmã mais velha me ajudaram, tanto financeira quanto psicologicamente. Eles estavam sempre ao meu lado e não me deixaram desistir”, afirmou. Mãe de quatro filhos — três meninas e um rapaz —, a técnica tem o estudo como prioridade e já pensa em realizar outro curso. Ela planeja iniciar, em julho, a graduação em Administração de Empresas, tendo a profissão como uma segunda opção. “Eu gosto da área de Saúde, mas quero buscar outras oportunidades, já que também gosto da área administrativa”, justificou.

A formação

A turma do curso Técnico em Análises Clínicas da qual Marisa fez parte contou com um total de 26 alunos. “A formação encontrou justificativa na necessidade de qualificação de profissionais que atuavam nos laboratórios e demais unidades de saúde que ofertam serviços na área de análises clínicas, bem como de melhoria das condições de contratação desses profissionais que já atuavam sem serem contratados como técnicos. Além disso, significou uma nova oportunidade profissional para quem não estava na área, como foi o caso de Marisa”, explicou a então diretora da ETSUS Acre, Anna Lúcia Leandro Abreu, e ex-representante da Região Norte na Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS). Segundo ela, essa é uma área na qual a escola está bastante atuante. 

De acordo com Anna Lúcia, a escola conta com dez turmas da formação em execução, totalizando 285 educandos. Até hoje, foram 270 educandos formados na área. O curso tem como finalidade a formação de profissionais aptos a auxiliar e a executar atividades padronizadas de laboratório — automatizadas ou técnicas clássicas —, necessárias ao diagnóstico, seja nas áreas de parasitologia, microbiologia médica, imunologia, hematologia, bioquímica, biologia molecular e urinálise. “O técnico em análises clínicas colabora, compondo equipes multidisciplinares, na investigação e implantação de novas tecnologias biomédicas relacionadas às análises clínicas”, explicou. Além disso, acrescentou Anna, ele é responsável por operar e zelar pelo bom funcionamento do aparato tecnológico de laboratório de saúde. “Em sua atuação é requerida a supervisão profissional pertinente, bem como a observância à impossibilidade de divulgação direta de resultados”, esclareceu.

A formação concede ao profissional a habilitação para atuar em laboratórios e postos de coleta de estabelecimentos intra-hospitalares ou isolados da rede pública e privada de saúde, bem como a aptidão de coletar e manipular amostras biológicas (sangue, fezes, urina, escarro) e produtos químicos, executar exames laboratoriais, obedecendo às normas de biossegurança, e promover a educação para a prevenção e a promoção da saúde.
 

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