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Números indesejáveis de contaminação

No artigo Agrotóxicos – liderança indesejável no mundo, publicado no Estadão, em 8 de julho, o jornalista Washington Novaes chamou atenção para as altas doses de resíduos químicos em frutas, verduras e legumes . “O consumo, no mundo, desses ingredientes cresceu 93% em dez anos; no Brasil, 190%”, escreveu. Ele apresentou dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sublinhando que 28% das substâncias usadas por aqui não são autorizadas, e citou afirmação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) relativa à contaminação por agrotóxicos de 70% dos alimentos in natura consumidos no país. Ainda segundo o jornalista, com base na Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, aumentam em 70 mil os casos de intoxicação aguda ou crônica provocados por agroquímicos.

Outro dado realçado por Novaes diz respeito à reavaliação pela Anvisa de 16 pesticidas, banidos nos Estados Unidos, Canadá e países da União Europeia, por temor de serem cancerígenos. Ele contou que há dez anos a Anvisa reavaliou os riscos ambientais do 2,4D, um dos componentes do Agente Laranja, que os EUA usaram na Guerra do Vietnã para eliminar florestas e plantações utilizados como esconderijos de guerrilheiros. Segundo a Cruz Vermelha Internacional, 150 mil crianças têm malformações congênitas por esse motivo – que os EUA contestam. E, segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a OMS, é urgente diminuir o uso de praguicidas e substituí-lo pelo plantio direto nas lavouras, que reduz as pragas.

Um dos itens mais polêmicos nessa agenda é o glifosato, principalmente depois que a OMS e a FAO voltaram atrás em sua condenação anterior, prorrogando a liberação por 18 meses. Elas asseguram, segundo Novaes, que esse produto não provoca câncer em humanos. Uma especialista francesa, Marie-Monique Robin, porém, afirmou (7/5) que “o glifosato é o maior escândalo sanitário de toda a história da indústria química”. Mesmo depois da decisão da OMS, a França tornou a proibir a venda livre do produto. O fato é que, escreveu o jornalista, “as empresas produtores de agrotóxicos constituem um verdadeiro cartel, que domina o mercado mundial, algumas delas com mais de cem anos de existência, como a Monsanto”. A Bayer e a Syngenta e poucas mais fazem parte do grupo, acrescentou.
 

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