revista ret-sus . seções . trajetórias

Versão para impressãoEnviar por email

trajetórias
Tecnologia de avaliação a serviço da escola de Sobral

Profissionais da ETSUS Sobral usam ferramenta tecnológica para avaliar cursos técnicos em saúde e corrigir os rumos das formações.

Flavia Lima
 

Em outubro de 2014, o projeto Aplicação de Metodologias de Avaliação da Formação Técnica na Área da Saúde, de um grupo de profissionais da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia (ETSUS Sobral), foi apresentado na 1ª Mostra Nacional de Saberes da Educação Profissional em Saúde, como parte do Seminário Nacional da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), realizado em Belém (PA), pela Coordenação de Ações Técnicas em Educação na Saúde do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges) da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Revista RET-SUS nº 69).  Uma experiência inédita e que rendeu excelentes frutos.

O trabalho, de autoria de Karina Oliveira de Mesquita, Maria José Galdino Saraiva, José Reginaldo Feijão Parente, Renata Maria Almeida Sales e Maria Socorro de Araújo Dias, teve como objetivo relatar a aplicação do software SurveyMonkey como um método de avaliação do curso Técnico em Vigilância em Saúde e da Complementação em Técnico em Enfermagem. “A escolha dessa estratégia encontrou justificativa na necessidade de unificar e aproximar os cursos que acontecem de forma descentralizada nos mais diversos lugares que compõem a Macrorregião de Saúde de Sobral. Foi, também, uma forma de proporcionar aos alunos trabalhadores do SUS o aprendizado de novas tecnologias digitais”, explicou a coordenadora pedagógica do Núcleo de Educação Profissional e Técnica da ETSUS-Sobral, Maria José Galdino Saraiva.

Segundo Maria José, o uso da tecnologia como estratégia de avaliação vem na esteira da necessidade de aquisição de novas competências profissionais face às transformações políticas, sociais e produtivas do trabalho humano. “As tecnologias digitais contribuem para que o profissional enfrente os avanços tecnológicos nos processos de gestão e planejamento”, observa. Ela esclarece que a metodologia não somente ajudou na avaliação dos cursos, bem como na identificação de fragilidades e potencialidades, estimulando os estudantes quanto à busca de mais conhecimentos. “É uma ferramenta já bastante utilizada em instituições de ensino, empresas e organizações e que facilita bastante o trabalho”, revela.

O SurveyMonkey, fundado em 1999 e com sede em Palo Alto (EUA), é uma plataforma online que possibilita a criação e publicação de questionários gratuitos, facilitando o trabalho de pesquisadores. Desde sua criação, são mais de 20 milhões de usuários em 190 países, criando mais de seis milhões de questionários e gerando mais de 200 milhões de questionários completos. “Um estudo recente revelou a importância em avaliar a satisfação dos funcionários como parte de seu trabalho para oferecer um excelente atendimento. Acreditamos que avaliar o comprometimento dos trabalhadores do SUS é vital, pois, desta maneira, eles tendem a oferecer um melhor atendimento e, consequentemente, maior aproveitamento”, justifica Maria José.

Processo de elaboração

A tecnologia foi aplicada experimentalmente com o a formação técnica em Vigilância em Saúde. Para tanto, foram criados sete questionários, administrados ao fim de cada unidade didática do curso: Introdução aos aspectos éticos e culturais; Políticas de Saúde; Saúde e segurança do trabalho; Primeiros socorros; Gestão do trabalho em saúde; Educação para o autocuidado; e Introdução à profissão. As avaliações foram direcionadas a todos os atores do processo — estudantes, docentes e coordenação — e estruturadas tanto na dimensão qualitativa quanto quantitativa do processo formativo. Além das unidades didáticas, foram promovidas uma autoavaliação e avaliações do facilitador e da prática de estágio. “Nosso objetivo principal era captar de todos os atores impressões, potencialidades e sugestões sobre o curso, para assim realizamos aperfeiçoamentos na formação”, explica Maria José.

Segundo a coordenadora, a resposta dos alunos foi bastante positiva. “Tivemos um excelente retorno e acredito que, com a utilização do software, conseguimos também estimular os estudantes na obtenção de conhecimentos e uso de novas tecnologias”, afirma. Foram feitas contribuições para a gestão da formação, a partir do conhecimento das potencialidades e das limitações do processo formativo, bem como para os trabalhadores em formação, levando em conta o conhecimento e a incorporação de novas tecnologias. “Por último, avaliamos as possibilidades de incorporação de novas estratégias de ensino-aprendizagem e aquisição de competências”, revela. O trabalho vem ao encontro de uma proposta de formação em saúde sob a perspectiva da participação, da crítica e do diálogo, visando à apropriação do conhecimento e à emancipação de sujeitos educativos.

Multiplicação

No processo avaliativo das unidades didáticas do Curso de Complementação em Técnico em Enfermagem, foram avaliados 98 alunos de quatro turmas descentralizadas do curso, desenvolvidos nas microrregiões de saúde de Acaraú, Camocim, Crateús e Tianguá. Foram observados, prioritariamente, aspectos relacionados ao conhecimento prévio dos alunos — se conheciam os objetivos da unidade didática, se os conteúdos eram ministrados de maneira clara, se a metodologia utilizada estimulou o interesse pela unidade, se o facilitador foi pontual e mostrou-se disposto a esclarecer dúvidas em sala de aula, se a carga horária atribuída foi adequada e se consideravam o conteúdo importante para sua formação profissional.

Ao fim do curso, a mesma metodologia foi aplicada para avaliação dos docentes  —15 facilitadores e oito supervisores de estágio — e dos quatro coordenadores locais. “A avaliação tinha como objetivo conhecer as metodologias de aprendizagem, identificar potencialidades, limitações na infraestrutura e a qualidade do material didático e fazer um levantamento de sugestões e expectativas para as próximas turmas do curso”, destaca Maria José. Ela conta que a escola já realizou doze turmas da formação, abarcando cerca de 360 técnicos. Atualmente, o curso está em sua sexta edição, com três turmas descentralizadas em andamento.
 

Galeria de Fotos

Comentar