Em sua 12ª edição, Congresso Brasileiro de Medicina da Família e Comunidade acontece, pela primeira vez, na região Norte do país e trata com profundidade de temas como combate à hipermedicalização e prevenção excessiva, saúde indígena e rural, residência médica, gestão participativa, saúde fluvial, integralidade e retenção de profissionais.
Realizado pela primeira vez na Região Norte, o 12º Congresso Brasileiro de Medicina da Família e Comunidade (CBMFC) trouxe o tema Medicina de família e comunidade: acesso com qualidade. O evento aconteceu entre os dias 30 de maio e 2 de junho, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, no Pará, e teve como objetivo avaliar os serviços do campo da Medicina da Família e identificar os desafios enfrentados pela Atenção Primária em Saúde em todo mo mundo. “Essa troca de experiências permite melhorar a forma de trabalho do médico de família e comunidade. A interação com profissionais atuantes em realidades diversas certamente é bastante positiva”, avaliou o presidente do 12° CBMFC, Yuji Magalhães Ikuta.
Organizado em conferências, mesas redondas, oficinas, rodas de conversas, minicurso e comunicações orais, o evento reuniu cerca de 3.500 participantes e mais de 1.700 trabalhos científicos. “A programação científica foi muito rica”, avaliou Ikuta. Para ele, a escolha por Belém para a realização do congresso foi a mais acertada, uma vez que a região Norte é a que mais sofre com a baixa cobertura da Estratégia Saúde da Família e com barreiras geográficas. “No Pará, por exemplo, há locais em que você só chega com uma distância muito grande via terrestre e outras, somente via fluvial. São dificuldades bem inerentes à região Norte. Trazer esse foco para cá ajuda a discutir e a trabalhar estratégias de melhoria dos serviços de saúde”, observou.
Melhorando o acesso à atenção primária: um olhar sobre os desafios e o que realmente funciona deu título à conferência que abriu, oficialmente, o congresso, no dia 30 de maio, sob a condução do professor de Política de Saúde e Gestão da Universidade de Durham, na Inglaterra, David Hunter. Deste momento, participou, ainda, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, que também elogiou a escolha de Belém para sediar o evento. “Mudar o eixo do congresso é fundamental para a troca de informações entre os profissionais”, disse.
O congresso tratou ainda dos temas do combate à hipermedicalização e da prevenção excessiva, da saúde indígena e rural, da residência médica, da gestão participativa, da saúde fluvial, da integralidade e da retenção de profissionais. Também foram promovidas atividades culturais e práticas integrativas.
O CBMFC encerrou com a conferência The outsiders, outlaws and outliers, que, segundo tradução livre proposta pelo conferencistas Ian Couper, médico de família e diretor da Faculdade de Saúde Rural da Universidade de Witwastersrand, em Jonanesburgo, Africa do Sul, seria Forasteiros, prescritos e fora de série: uma visão a partir do interior. Durante a apresentação, Couper explicou cada uma das categorias profissionais apresentadas no título e como cada uma pode contribuir para a melhoria da saúde nas periferias. Os outsiders — ou forasteiros, por exemplo, são os que estão sempre na periferia. “É lá que estão os menos atendidos”, lembrou. “Não devemos lutar para estarmos dentro do sistema. Nós somos de fora. Somos diferentes e temos que celebrar as nossas diferenças”, destacou, referindo-se aos médicos de família e rurais.
Na visão de Couper, os prescritos seriam os que quebram as regras. São os chamados outlaws. “Eles quebram as regras para melhorar a saúde da comunidade, não as condições do médico”, explicou. Já os fora de série ou outliers são as pessoas que querem causar impacto com suas ações e acreditam que podem fazer a diferença. “Nunca vi essa paixão em outras especialidades como vejo nos profissionais da Atenção Primária”. Queremos causar impacto e melhorar a saúde de um grupo de pessoas”, ressaltou. Após a conferência, foi realizada a premiação das mostras de Vídeo e de Fotografia e dos concursos de Conto e de Cantiga, Verso e Prosa.
Por Flávia Lima e Jéssica Santos
(Secretaria de Comunicação da RET-SUS)
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