Financiamento do subsistema e repasse de recursos para os DSEIs foi um dos principais temas da Conferência de Saúde Indígena. Demanda por formação dos AIS também foi afirmada.
A enfermeira do Conselho Indígena de Roraima, Claudia Maria Kastinger, é integrante de uma ONG vinculada à Funasa e trabalha na formação do Agente Indígena de Saúde (AIS). Ela participou da 4ª Conferência Nacional de Saúde Indígena como delegada e disse que durante o evento foi ressaltada a importância do AIS, a necessidade de intensificar seu desempenho em alguns Distritos e a importância da colaboração das Escolas Técnicas do SUS para qualificação desses trabalhadores. Claudia disse que o aprendizado do AIS é diferenciado, devendo ser considerada a realidade do índio e respeitadas ao máximo sua cultura e medicina. "Primeiro perguntamos como eles fazem, depois inserimos o conteúdo", explica.
A enfermeira disse que o AIS promove um vínculo entre o SUS e o Subsistema, sendo também um ser político, uma vez que "faz a ponte entre diferentes culturas". Ela afirmou que, durante a Conferência, os índios reivindicaram também qualificação de nível técnico e superior. Entre os cursos requisitados, estão os de auxiliares de consultório dentário e de técnicos em enfermagem. Por meio das propostas formuladas e votadas, os agentes indígenas de saúde reivindicaram ainda direitos trabalhistas, reconhecimento da atividade exercida por eles como categoria profissional e definição das atribuições específicas de acordo com as necessidades de cada Distrito Especial de Saúde Indígena (Dsei). Segundo Claudia, em decorrência das carências locais, muitos agentes indígenas vêm ampliando seu campo de atuação, exercendo funções além daquelas para as quais foram formados.
Para Caco Xavier, coordenador da Comissão de Comunicação da Conferência, o encontro mostrou que os trabalhadores indígenas de saúde já se sentem seguros para criticar a formação que receberam. Segundo ele, os índios querem ampliar a formação sobre Saúde que é ensinada na cultura ocidental. Assim, a ponte entre esses conhecimentos e a realidade específica do índio pode ser construída pelos próprios trabalhadores de origem indígena.
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