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09/02/2005 Versão para impressãoEnviar por email

Aprendendo enfermagem além da sala de aula

Alunos ampliam seus conhecimentos trabalhado com a comunidade

Ver na prática o que foi aprendido em sala de aula e ainda contribuir com a sociedade. A tão famosa associação entre ensino, pesquisa e extensão se tornou realidade para turmas do Profae de três municípios mineiros,que realizaram o curso no ano passado. Desafiados pela coordenadora geral do Profae do Centro Formador de Recursos Humanos para a Saúde, da Escola Pública de Minas Gerais (ESP-MG), Marlene Oliveira, alunos do curso de auxiliar de enfermagem criaram um Projeto de Intervenção Comunitária, a partir da observação das necessidades locais.“Lançamos uma proposta aos nossos coordenadores locais, professores e alunos no sentido de melhorar a articulação entre o conteúdo do curso e a realidade da saúde de cada município”, explica Marlene.

 O primeiro passo foi identificar a demanda de cada município, por meio de uma análise do perfil epidemiológico da região. Em TrêsPontas,  por exemplo, alunos e profes-sores, a partir de suas experiências pessoais, constataram que o alcoolismo é um dos grandes vilões da cidade e precisa ser tratado como um problema de saúde pública. Os alunos foram a campo para identificar o perfil do alcoólatra da cidade, conhecer a rede de assistência do município e, por fim, sugerir uma solução. 

 Durante a pesquisa, eles descobriram que a maioria dos alcoólatras de Três Pontas é do sexo masculino, encontra-se na faixa etária de 31 a 40 anos, está desempregada e cursou apenas até a 4ª série do EnsinoFundamental. A rede de assistência, por sua vez, não consegue dar conta do problema. “O atendimento municipal é tão abrangente que não consegue atender um problema específico como o alcoolismo. O resultado é que os necessitados ficam pelas ruas da cidade”, diz Eliza da Silva, coordenadora local do curso. Os alunos do Cefor concluíram que o caminho para solucionar o problema é concentrar o atendimento ao alcoólatra num único lugar, que deve contar com profissionais capacitados para assistir e reintegrar o doente à sociedade. Além disso, o município deveria investir na prevenção da doença, utilizando a escola como ponto de partida. O projeto foi encaminhado para a prefeitura na expectativa de que alguma providência seja tomada.

Hora de conscientizar

Outra turma que aceitou  o desafio foi a do município de TrêsMarias. Lá, os estudantes –todos agentes comunitários de saúde –, ao pesquisarem nas Diretorias de Ações Descentralizadas da Saúde, constataram que o índice de vacinação dos bairros de Novo Horizonte e São Geraldo, onde eles atuam como ACS, é baixo. Com os conhecimentos adquiridos no curso de auxiliar de enfermagem, os alunos visitaram mais de mil famílias e descobriram que o problema está na vacinação dos adultos, já que 90% das crianças têm o cartão de vacinação. “A faixa etária que vai de 21 a 59 anos não sabia que deveria tomar a vacina contra hepatite, febre amarela e tétano. A maioria nem tinha o cartão, conta Marluce Santana, coordenadora local do curso.

Com o lema Cartão de vacina: um documento para todos. Tenha o seu, a Escola conseguiu apoio da prefeitura, das Secretarias Municipais de Saúde e de Educação e Cultura, do Centro de Saúde de Epidemiologia, das associações de moradores, das igrejas e da mídia local. Os alunos participaram ativamente da campanha de vacinação de maio e junho do ano passado, conseguindo que o número de adultos vacinados aumentasse. Dos 1128 adultos conscientizados pelos estudantes, 44% compareceram ao posto de saúde para receber as doses de hepatite B, dupla-adulto e anti-amarílica.

Nutrir para prevenir

O terceiro município que se destacou nesse triângulo escola-aluno-sociedade foi Poté, que tem 15mil habitantes. Como a maioria da população mora na zona rural, os alunos desenvolveram um trabalho sobre alimentação alternativa. Os auxiliares de enfermagem utilizaram uma amostragem pequena – 20 mãesde alunos da Creche Municipal de Sucanga – para ensinar receitas de reaproveitamento dos alimentos plantados na região.

Para isso, a equipe da Escola organizou um almoço coletivo, no qual os alunos do curso prepararam, junto com as mães, uma farofa ‘alternativa’. “Utilizamos alimentos nutritivos como casca de batata, folhas de mandioca e casca de ovo”, conta Elen Beloti, coordenadora localdo Profae. Além disso, os estudantes apresentaram uma peça de teatro para ajudar os pais a entenderem a importância de cada nutriente.

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