Saiba mais sobre a história da criação do Centro de Formação de Recursos Humanos de Pariquera-Açu, que fez aniversário no dia 13 de agosto
O Centro de Formação de Recursos Humanos (CEFORH) de Pariquera-Açu completou 39 anos no dia 13 de agosto. Sua história remonta o início da década de 1970, quando Ruth Gouvêa, primeira e atual diretora da ETSUS, chegou à região para assumir um cargo administrativo no Hospital Regional do Vale do Ribeira (HRVR): “Naquela época, não havia na unidade nenhum técnico ou auxiliar de enfermagem. Quando cheguei, soube que no governo de Jânio Quadros um decreto havia transformado três atendentes de enfermagem, um almoxarife e um escriturário em práticos de enfermagem. Eles eram responsáveis por 200 leitos. Os índices de mortalidade eram altíssimos”, relembrou.
Para reverter o quadro de precarização, ela fez uma análise da situação do hospital. Estendendo o levantamento para fora dos muros da unidade, articulou uma parceria com pesquisadores do Grupo Rondon, vinculado à Universidade de São Paulo (USP), e investigou a situação de vida da população urbana e rural da região. O trabalho reuniu mais de mil entrevistas com habitantes do Vale do Ribeira e constatou que o baixo desenvolvimento econômico – o ganho per capita era de US$50 por ano – aliado à falta de assistência adequada desenhavam um cenário em que doenças como malária, esquistossomose, leishmaniose, hanseníase e tuberculose eram prevalentes.
“No início da segunda gestão de Laudo Natel no governo estadual, havia grande interesse em melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Vale, que sempre foi a região mais atrasada de São Paulo. Em uma visita ao município, o governador foi ao HRVR e eu mostrei a ele os dados recolhidos. Ao ver aquilo, ele perguntou o que precisava ser feito para melhorar a situação e eu disse que precisávamos de uma instituição que formasse pessoal qualificado. Ele mandou buscar uma folha de papel e assinou o decreto”, conta Ruth, que, na ocasião era diretora interina do HRVR.
O papel assinado no dia 13 de agosto de 1971 se transformou, em 20 de agosto do mesmo ano, no decreto estadual nº 52.701 que criava a Escola de Auxiliar de Enfermagem de Pariquera-Açu. Em 1972, iniciou-se a formação dos primeiros Aprendizes de Enfermagem do Vale do Ribeira, profissionais que depois seriam chamados de Auxiliares de Enfermagem.
Em 1996, um parecer da Câmara de Ensino Médio do Conselho de Educação de São Paulo transformou a Escola de Auxiliar de Enfermagem em CEFORH. O documento autorizou a instituição a formar trabalhadores para outras áreas da saúde. Neste período, os cursos já não estavam restritos à sede, sendo realizados nos municípios de origem dos alunos através do Programa de Classes Descentralizadas.
Hoje, a instituição contabiliza a formação de mais de 3 mil trabalhadores para o SUS e um prêmio, concedido em 2002, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pelo seu trabalho em gestão escolar no Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores na Área de Enfermagem (Profae).
Ainda no âmbito do Profae, por meio do ‘Programa de incentivo à Pesquisa nas Escolas Técnicas de Saúde do SUS’, o CEFORH começou, em 2006, a produção do trabalho ‘Três décadas de formação de trabalhadores de saúde e sua repercussão no Vale do Ribeira’, que tem como objetivo avaliar o impacto da criação da ETSUS nas instituições, nos indicadores epidemiológicos e nas vidas de 514 ex-alunos. Resultados preliminares apontam que a Escola, vinculada ao Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira (Consaúde), que reúne 26 municípios paulistas, foi decisiva para a formação de quadros para o SUS na região.
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