Quem não se lembra da gripe do frango que se espalhou pelos países orientais em 2003 e impediu a população asiática de viajar? São casos como esse que levaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) a escolher a Segurança Sanitária como tema do Dia Mundial da Saúde deste ano. Comemorado oficialmente no dia 7 de abril, este ano a data será celebrada nesta segunda-feira, dia 2. “Estamos muito preocupados com a velocidade de deslocamento das pessoas no mundo globalizado no qual vivemos. As doenças podem ir de um continente para outro em questão de horas”, alerta Ruben Edgardo Figueroa, coordenador da área de prevenção e controle de doenças da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).   

Segundo Ruben, a maior preocupação dos epidemiologistas é não deixar que o vírus da gripe que infectou animais e, posteriormente, os homens, torne-se uma pandemia. “A gripe do frango passou para os seres humanos que manipularam animais doentes. Por enquanto, uma pessoa não passa o vírus para a outra, mas se nada for feito, isso acontecerá em pouco tempo”, afirma ele. E completa: “Por isso, a preocupação da OMS e da Opas é que os países invistam em saúde agora para que possamos ter um futuro seguro”, diz.

No Brasil, a Opas escolheu quatro temas principais para trabalhar ao longo do ano: doenças infecciosas emergentes e re-emergentes, regulamento sanitário internacional, infra-estrutura de saúde pública e promoção da segurança sanitária mediante o desenvolvimento sustentável em entornos sadios. Para que essas proposições sejam colocadas em prática, segundo Ruben, é preciso que governos e população se engajem no movimento para uma segurança sanitária. “Queremos que os governantes invistam mais em saúde e que a sociedade civil participe da elaboração e dos programas de saúde”, esclarece.

Para chamar a atenção de todo o mundo para o tema, este ano, a OMS, que criou o Dia Mundial da Saúde em 7 de abril de 1948, vai adiantar a cerimônia para o dia 2 de abril por causa do feriado da semana santa. “O lançamento mundial do tema será na próxima segunda-feira, em Cingapura, que teve problemas sérios com a gripe asiática. Nas Américas, a celebração será feita em Washington no mesmo dia”, informa Ruben.

Mas as atividades se estenderão durante todo o ano. Para dar uma resposta mais rápida à sociedade quando há alguma suspeita de epidemia, a OMS tem uma Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos funcionando durante todo o ano em Genebra, na Suíça. “Costumamos dizer que é uma cobertura de 24 horas nos sete dias da semana, ou seja, permanente. Isso facilita a detecção de uma epidemia, que é logo controla e informada a todos os países através da internet. Antes, havia uma notificação formal que podia demorar dias para chegar a todos os países, o que dificultava o controle da doença”, explica Ruben.