noticias

31/03/2016 Versão para impressãoEnviar por email

A Educação Popular em Saúde em destaque na Rede Unida

Seguindo a tradição, o 12º Congresso Internacional da Rede Unida, em Campo Grande (MS), contou com a acolhida da Tenda Paulo Freire. As atividades deste espaço foram encerradas com a roda de conversa sobre o Curso de Qualificação em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS).

Encerrando as atividades na Tenda Paulo Freire, durante o 12º Congresso Internacional da Rede Unida, em Campo Grande (MS), no dia 24 de março, a roda de conversa A contribuição da educação popular na formação em saúde: a experiência do Curso de Qualificação em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS) reuniu diversos trabalhadores da saúde. “A educação popular se propõe a fazer uma leitura crítica da realidade, para buscar os caminhos da formação. Assim é o EdPopSus”, explicou Vera Joana Bornstein, coordenadora do curso e professora-pesquisadora do Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Laborat/EPSJV), onde o projeto está sediado, a partir de convênio com a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (Segep/MS).

Segundo a pesquisadora, a Política Nacional de Educação Popular em Saúde — instituída pelo Ministério da Saúde em 2013 — é fruto de uma luta do movimento popular, possibilitando recursos para a realização da formação dos profissionais de saúde, com foco na educação popular. Ela lembra que a educação popular em saúde é uma maneira de pensar e fazer processos educativos e práticas com consciência crítica e cidadania participativa. Nesse sentido, o curso EdPopSUS está fundamentado no diálogo, na participação, na produção compartilhada e na amorosidade, propondo metodologias e tecnologias para o fortalecimento do SUS e práticas voltadas para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde. “O que nós queremos é que, por meio da educação popular, possamos promover um modelo de atenção à saúde que leve em conta a realidade dessa população”, destacou Vera.

Ela revelou que a formação, em sua segunda etapa, deverá iniciar no segundo semestre deste ano, com uma oferta de sete mil vagas — 70% delas para os agentes comunitários de saúde (ACS) e de vigilância em saúde (AVS) e 30% restantes para outros profissionais e lideranças comunitárias. Com carga horária de 160 horas presenciais, o curso será realizado nos estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. “O objetivo do curso é contribuir com a atuação dos profissionais das equipes de Atenção Básica à Saúde”, frisou a coordenadora.

A formação está organizada em seis eixos temáticos: Construção da gestão participativa do curso e a experiência como fio condutor do processo educativo; Educação popular em saúde e o processo de trabalho na atenção básica; Direito à saúde e promoção da equidade; Território, lugar de história e memória; Estado, participação social e participação popular; e Território, processo de saúde-doença-cuidado. Em cada turma, contou Vera, terão dois educadores, sendo que um com graduação e o outro educador popular com experiência na área. “Não teremos mais o orientador de aprendizagem, como havia na primeira etapa, mas continuamos com os apoiadores nacionais, que irão acompanhar em alguns estados o desenvolvimento do projeto”, sublinhou.

 

Debate mais politizado

A enfermeira Simone Leite, de Sergipe, lembrou a importância de pensar a formação dos profissionais de saúde. Ela defendeu a ampliação do debate sobre o papel dos agentes comunitários de saúde como transformadores da realidade da saúde e a reflexão sobre a formação em saúde. “É preciso pensar outra formação, pois essa que está aí não serve para o SUS que a gente quer”, criticou, elogiando em seguida a proposta do EdPopSUS. Apesar de reconhecer os avanços conquistados pela Educação Popular em Saúde, o assistente social Igor Nascimento, de Maceió, expressou perceber carência de novos profissionais. “Vejo um entrave na questão da saúde popular quando a gente forma lideranças e quando existe a intervenção política em uma determinada base. Isso é uma doença dentro do sistema de saúde e a gente sabe o quanto a população menos favorecida sente falta de um sistema de saúde eficiente”, finalizou.

 

Por Flavia Lima, repórter da Secretaria de Comunicação da RET-SUS

Comentar