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17/11/2010 Versão para impressãoEnviar por email

Em Belém, ETSUS discutem maior aproximação com CEEs

Oficina do Profaps debate políticas públicas para educação em saúde

Políticas públicas para educação em saúde. Esse foi o foco da abertura da 3ª Oficina do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (Profaps) da Região Norte. O objetivo do encontro foi analisar e discutir os projetos dos cursos seguindo os eixos orientadores da Política de Educação e da Política de Educação em Saúde. Para iniciar o encontro, o Departamento de Gestão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Deges/SGTES) fez uma apresentação que reiterou os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e como se organiza a Atenção em Saúde, além de ter detalhado as políticas de educação em saúde. Participaram do seminário representantes das sete ETSUS da região e dos Conselhos Estaduais de Educação (CEE) de Tocantins e Acre.  

“As ETSUS têm que ter a consciência de como estão inseridas nas políticas de educação. Além disso, é bom sempre lembrar que a preocupação com a qualificação dos recursos humanos está atrelada à qualidade do atendimento prestado pelo SUS”, disse a consultora do Deges/SGTES Maria Luiza Anselmi, ao dar início à apresentação.

Foi lembrado o contexto da criação do sistema, que precisava dar conta do envelhecimento da população e da tripla carga de doenças – infecciosas, crônicas e decorrentes de violências. “O Brasil convive com doenças infecciosas que já pensava ter erradicado mas voltaram a atingir a população, como a malária e a tuberculose. Como nossos recursos humanos devem se portar diante disso?”, provocou Maria Luiza.

Dentre as estratégias de sustentabilidade do SUS, foi destacado o Pacto pela Saúde, que engloba a defesa da vida, do SUS e a gestão. “As estratégias de sustentabilidade do sistema devem contemplar um compromisso com resultados que não se resumem a números e abrangem qualidade de vida e qualificação do profissional”, comentou a consultora. Ela falou ainda sobre a co-responsabilidade das três esferas de governo, o que suscitou debate.

“A regionalização é complicada porque os municípios não têm como assumir a educação em saúde. Me preocupa perdermos o controle, principalmente no que diz respeito às metodologias e especificidades do SUS”, disse Márcia Godoy, diretora pedagógica da Escola Técnica de Saúde do Tocantins Dr. Gismar Gomes (ETSUS Tocantins).

Para a diretora da Escola Técnica do SUS Dr. Manuel Ayres (ETSUS Pará) Maria Elizabeth Siqueira, a opinião do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) diverge do que as ETSUS pensam. “Para nós é difícil negociar com os municípios porque eles fatiam os recursos sem critérios. Os municípios não têm capacidade de planejar e executar os cursos”, avaliou Elizabeth. Segundo a gerente de projetos do Centro de Educação Profissional Graziela Reis de Souza, Deborah Gomes, um grande problema para as Escolas é que o gestor só visualiza o recurso enviado pelo Ministério, mas não tem condições de oferecer o curso. “Às vezes, uma cooperação técnica pode resolver a questão da cidade, mas o gestor não viabiliza porque quer o dinheiro”, opinou. 

Maria Luiza Anselmi reiterou que a articulação entre diferentes atores é essencial para o desenvolvimento do SUS: “As políticas públicas são instrumento do estado e também da democracia. A participação e a ação de todos é necessária”.

A apresentação do Deges/SGTES destacou a formação e a qualificação de profissionais para a área da saúde como essenciais para a sustentabilidade do SUS. Em seguida, falou-se da importância da articulação entre Educação e Saúde e os respectivos ministérios. Foram reapresentadas as ações estruturantes desenvolvidas pela SGTES, como a Política de Educação Permanente em Saúde (Pneps), o Telessaúde, o PET Saúde, o Profaps, entre outras.

Ao falar da Pneps, Maria Luiza Anselmi ressaltou a questão da regionalização para a Educação na Saúde seguindo os mesmos princípios apresentados no Pacto pela Saúde. “À medida em que a regionalização do serviço avança, é possível conhecer melhor os problemas e necessidades de cada região”.

Ao final da apresentação, destacaram-se os seguintes pontos como desafios do SUS: articulação ensino-serviço; interdisciplinaridade e sua expressão nos planos curriculares das escolas; qualificação pedagógica dos profissionais de saúde; transformações no conteúdo do trabalho; capacidade de articulação e pactuação dos organismos e instâncias de formulação e concretização de políticas; reconhecimento da atenção básica como um lócus privilegiado.

Na discussão que se seguiu, um assunto recorrente nos encontros da RET-SUS foi abordado: a dificuldade de entendimento entre Escolas e Conselhos de Educação. “Precisamos exercer protagonismo enquanto ETSUS para levar adiante uma das questões do Pacto de Gestão que é a educação. Temos que aprender a articular, dialogar para interagir com as instâncias de gestores e não engessar a atuação da Escola”, opinou o gerente técnico-pedagógico da ETSUS Pará Raimundo Sena.

A presidente do CEE-TO Joana Darc Santos fez um apelo para que Escolas e Conselhos se aproximem e abram espaço de discussão. “O problema não é só a regulação. É muito mais amplo. Por isso é importante o diálogo entre CEE e ETSUS e também com os conselhos de classe para que haja uma linguagem única”, argumentou. A conselheira foi seguida pela gerente pedagógica da ETSUS Pará Izabel Oliveira: “A RET-SUS dá lição cotidiana de troca de informações. É um exemplo de aproximação que deve ser seguido na relação com os conselhos”.

Foi solicitado aos representantes das ETSUS que refletissem sobre o papel da escola na política de educação na saúde; a implicação da política de educação na gestão escolar; e de que forma garantir o principio da integração ensino serviço. “O papel das oficinas que a SGTES tem promovido é reverter a posição das ETSUS, incitando-as a passar de executoras para formuladoras de políticas públicas”, encerrou a técnica do Deges/SGTES Maria Ivanildes de Oliveira.

 

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