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12/03/2015 Versão para impressãoEnviar por email

‘A EPS é de responsabilidade do ensino, do serviço e da gestão’

Em entrevista à RET-SUS, a nova diretora da ESP-MG, Roseni Sena, chama atenção para a necessidade de se fortalecer a Educação Profissional em Saúde (EPS) e fala sobre a atuação da escola na RET-SUS e a importância que a Rede tem para o SUS. 

A Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG) recebeu sua nova diretora neste início de ano. A enfermeira Roseni Sena, nomeada no dia 25 de fevereiro, é ex-aluna da instituição, onde cursou a Especialização em Saúde Pública, além do mestrado em Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1989) e do doutorado em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (1996). Em entrevista à RET-SUS, Roseni destaca que seu maior desafio como diretora é fazer uma gestão participativa, por meio da qual as pessoas se sintam pertencentes a esse processo, e chama atenção para a necessidade de se fortalecer a Educação Profissional em Saúde (EPS). “A EPS é uma responsabilidade das instituições de ensino, do serviço e da gestão e deve ser feita, também, com uma grande participação social”, orienta.  A nova gestora da ESP-MG fala, ainda, sobre a atuação da escola na RET-SUS e a importância que a Rede tem para o SUS.

Como você observa a atuação da ESP-MG no estado?

A ESP-MG é um patrimônio do SUS, tem um papel muito importante na qualificação e na formação. E isso deve se dar por meio da educação permanente de todos os trabalhadores do SUS. A educação permanente é no trabalho e para o trabalho. Para isso, é preciso estar muito atento aos modelos assistenciais. Temos, assim, um grande desafio pela frente com a questão da promoção da saúde e com a qualidade do cuidado. A escola é o ‘carro-chefe’ da discussão, proposição e aprofundamento das questões relacionadas à educação permanente do SUS em Minas Gerais.

 

Quais são os desafios para sua gestão?

O maior desafio é fazer uma gestão participativa, por meio da qual as pessoas se sintam pertencentes a esse processo. A ESP-MG tem que ser um local agradável de trabalho, onde as pessoas possam decidir acerca dos assuntos pertinentes. Outro desafio diz repeito ao trabalho articulado com todos os setores da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e suas fundações (Funed, Fhemig e Hemominas), para que consigamos propor, discutir, construir, executar e avaliar juntos.

 

Como fortalecer a Educação Profissional em Saúde?

A educação dos profissionais da saúde é uma responsabilidade das instituições de ensino, do serviço e da gestão. Deve ser feita, também, com uma grande participação social. Nós ainda estamos bastante desarticulados com esses quatro pilares da Educação Profissional em Saúde (EPS). É necessária, principalmente, uma articulação do setor de ensino com o setor de serviço para fazermos uma qualificação profissional coincidente, em atenção às mudanças no serviço, à inovação tecnológica e ao modelo assistencial. O cuidado deve ser a centralidade na formação dos profissionais. A EPS avançou, mas ainda temos grandes desafios pela frente. Um deles é realmente mudar, transformar e adequar os currículos dos profissionais da área da saúde. Em geral, esses currículos são de um período anterior à presença do SUS em nossa sociedade. São currículos muito focados no biomédico, no curativo e, também, centrado na tecnologia. Acredito que temos uma grande oportunidade de fazer da EPS estratégia de mudança da qualidade do cuidado e, consequentemente, do serviço de saúde.

 

Que avaliação você faz da educação profissional técnica em Saúde?

Falta, ainda, maior articulação entre os ministérios da Saúde e da Educação. Essas duas pastas, bem como a de Ciência e Tecnologia, deveriam trabalhar articuladamente uma estratégia para a formação profissional técnica em saúde, com foco nas desigualdades sociais, econômicas e culturais, bem como na diversidade regional. Pensar essa diversidade implica observar a potencialidade que existe em cada uma dessas regiões e construir um projeto educativo que realmente atenda às necessidades da sociedade. Até o momento nós ainda não tivemos a capacidade de articular o setor de formação com o setor de serviço. E isso é essencial.

 

Como você observa a atuação da ESP-MG na RET-SUS?

A RET-SUS é uma estratégia importante de articulação das escolas. Temos o desafio de ampliar a participação da ESP-MG — ainda tímida —  e contribuir para o fortalecimento da Rede. 

 

Qual é a importância da Rede para o SUS?

A RET-SUS é importantíssima. Ela foi criada como uma possibilidade de ser uma estratégia de fortalecimento da EPS, e tem cumprido bem esse papel. Observo, porém, que a Rede precisa ser fortalecida ainda mais e, para tanto, precisamos rediscutir o seu funcionamento em cada uma das escolas, rever modelagens, pensar modos de aproximação, discutir concepções pedagógicas contemporâneas e incorporações de tecnologias que possam viabilizar o atendimento ao grande número de trabalhadores que temos no SUS. O sistema de saúde precisa da RET-SUS.

 

Foto: da esquerda para direita, Alzira de Oliveira, secretária-adjunta de Saúde de Minas Gerais, Roseni Sena, diretora da ESP-MG, e Fausto dos Santos, secretário de Saúde de Minas Gerais (crédito: acervo ESP-MG).

Por Katia Machado, editora-geral da Secretaria de Comunicação da RET-SUS

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