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26/05/2011 Versão para impressãoEnviar por email

ETIS traça perfil do profissional que atuará na área de álcool e drogas

Oficina de trabalho definiu que especialização pós-técnica é a melhor opção para o RJ

Oficina de trabalho definiu que especialização pós-técnica é a melhor opção para o RJ


A Escola de Formação Técnica em Saúde Enfermeira Izabel dos Santos (ETIS) promoveu nesta quarta-feira (25) o primeiro de uma série de encontros regionais para discutir o tema ‘Contribuições para a formação do profissional técnico atuante na atenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas’. Cerca de 15 pessoas que atuam na área da saúde, como psicólogos, técnicos de enfermagem e docentes da escola discutiram o perfil que o profissional deve ter para atuar na área no Rio de Janeiro. “Esses encontros constituem um esforço da ETIS no sentido de conhecer a demanda dos diversos serviços de atenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas quanto à formação do profissional técnico neles lotados”, explicou a coordenadora do evento, Maria Gilda de Oliveira.

A diretora da ETIS, Márcia Cid, iniciou o encontro apresentando a escola aos participantes e fazendo uma retrospectiva do papel das ETSUS na formação dos técnicos da saúde. “O enfrentamento ao álcool e às drogas é uma política municipal, estadual e nacional e precisamos ter profissionais preparados para atender essa população”, afirmou.

Maria Gilda ressaltou que o serviço é o melhor lugar para se obter referências sobre as necessidades de formação, a fim de auxiliar as escolas no oferecimento dos cursos. A coordenadora do evento explicou ainda que a ideia inicial era promover o primeiro encontro apenas com profissionais do município do Rio de Janeiro e, posteriormente, em três macrorregiões: Centro-Sul e Médio Paraíba, Norte e Noroeste, Metropolitana II e Baixada Litorânea, a fim de atender a todo o estado. No entanto, neste primeiro momento, muitos participantes eram de municípios dessas regiões, como Mangaratiba, Rio das Ostras e Italva.
A diretora técnica do Centro Estadual de Tratamento e Reabilitação de Adictos (Caps AD) da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio (Sesdec), Selma Amorim Pau Brasil, deu prosseguimento ao encontro com uma explanação sobre ‘Panorama e desafios da atenção ao uso de álcool e outras drogas no estado do Rio de Janeiro’. Ela ressaltou que há muitos serviços que prestam atendimento a esse público, como os centros de atenção psicossocial (Caps), casas de acolhimento, escolas de redução de danos, e que a oferta de profissionais qualificados não atende à demanda. “A partir de 2003, quando é instituída a Política de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e outras Drogas, muda-se o paradigma. Antes os investimentos eram na luta contra as drogas e não havia espaço para as pessoas. As práticas eram hospitalocêntricas, baseadas em internações. A partir da Reforma Psiquiátrica, o foco passa a ser o indivíduo, tendo que ser levado em conta o tripé droga-sujeito-contexto”, afirmou.

Para ela, é preciso investir em uma rede composta de dispositivos que evitem a internação. “Também temos que ter o foco na intersetorialidade. A questão das drogas conversa muito com os direitos humanos. O profissional que lida com esse público tem que saber lidar com questões delicadas, evitando o preconceito que muitas vezes ocorre até no serviço”, avaliou, destacando que a drogadição é um problema de saúde pública, mas que não é igual para todo mundo e não pode ser tratado com soluções únicas.

Perfil do trabalhador

Os profissionais da escola fizeram um levantamento junto aos participantes do encontro sobre o tipo de profissional técnico de nível médio que a equipe de saúde mental demanda. “Buscamos identificar as ações desenvolvidas pelo técnico e a sua inserção no trabalho da equipe de saúde das unidades de serviço, buscando identificar seu grau de autonomia, de responsabilidade e inserção”, afirmou Gilda.

Primeiro foram discutidos os conhecimentos e conceitos que esses profissionais devem ter. Em seguida, como esses temas são aplicados no campo. “Para traçarmos um perfil do trabalhador que atuará nessa área, é preciso saber como as equipes já trabalham. É na lógica do território? Tem foco na promoção e na prevenção de saúde?”, conta a coordenadora pedagógica da ETIS, Léa Carvalho.

Por fim, os profissionais do serviço foram questionados sobre o perfil desejado para atender às necessidades da equipe. “Neste sentido, muitas questões subjetivas foram levantadas, como gostar do que faz, gostar de trabalhar com gente, capacidade de se colocar no lugar do outro. Outro ponto levantado foi a importância da formação com base nos preceitos do SUS e a importância de um grupo multiprofissional”, diz Léa
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Os participantes foram questionados sobre o que seria mais interessante: um técnico específico para atuação na área de álcool e drogas ou um técnico da área da saúde, como o técnico em enfermagem, com uma especialização específica no tema. “A segunda opção foi a mais indicada, pois esse técnico já conheceria a dinâmica do serviço e estaria qualificado em menos tempo. Essa é uma preocupação porque a demanda é grande e não há profissionais suficientes no SUS para atendê-la”, explica a coordenadora.

Os próximos encontros ainda não têm data definida. Depois que todas as regiões do estado forem ouvidas, a equipe da ETIS pretende elaborar um projeto de especialização.

A coordenadora lembrou ainda que o Ministério da Saúde está colocando a questão na centralidade e o contexto está bastante favorável para que essa formação se concretize. O que ela diz é corroborado pelo fato do fortalecimento da rede de saúde mental tem como carro-chefe a atenção à dependência de álcool e outras drogas, com ênfase no tratamento dos usuários de crack. O MS tem dado demonstrações de que pretende investir na ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas 24 horas (Caps-AD). A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) – vinculada à Presidência da República – está realizando uma pesquisa para traçar o perfil e a quantidade de usuários de crack no país. A partir disso, o ministério desenhará ações mais específicas para o enfrentamento do problema.

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