ETSUS discutem o Proeja. Eixos da 13ª Conferência Nacional de Sáude são apresentados na parte da tarde.
‘Vocês, ETSUS, já se deram conta de que fazem EJA?’. Com essa pergunta, Milta Torrez, do Programa de Educação a Distância da ENSP/Fiocruz, encerrou sua fala na mesa-redonda Educação Profissional em Saúde e Educação de Jovens e Adultos: princípios de integração na perspectiva do Proeja, chamando atenção para a importância do diálogo entre essa nova proposta do Ministério da Educação com a experiência acumulada do campo da Saúde.
Jaqueline Moll, coordenadora do Departamento de Políticas e Articulação Institucional da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC), apresentou as diretrizes básicas do Programa e destacou a intenção de que ele se transforme numa política pública que precisa atingir os mais de 60 milhões de brasileiros que não passaram pela escolaridade obrigatória. “Reinventar este país para todos: esse é o nosso desafio”, propôs.
A indissociabilidade entre a Educação Profissional e a formação geral, numa perspectiva de educação integrada e politécnica, é, segundo Jaqueline, o princípio básico do Proeja. Por isso, o Programa vem aproximar áreas que estão historicamente separadas. “Temos que produzir um campo epistemológico novo, do qual devem nascer novas matrizes curriculares”, explicou.
De acordo com os gráficos apresentados por Jaqueline, a saúde aparece em quinto lugar entre as áreas com maior número de matrículas de Proeja atualmente, com pouco mais de 5% dos cursos. “O MEC quer consolidar esse diálogo com o Ministério da Saúde e deseja que a RET-SUS venha para esse debate”, concluiu.
Eliza Bartolozzi, da Universidade Federal do Espírito Santo, fez um breve balanço dos avanços e estagnações do campo da Educação Profissional nos últimos tempos. Em seguida, falou sobre as concepções que sustentam a construção de um currículo integrado que, segundo ela, deve ter como eixo o tripé ‘ciência, cultura e trabalho’. Para Eliza, é preciso compreender que o trabalho implica necessariamente conhecimento manual e intelectual. “O domínio dos conhecimentos é necessário para a classe trabalhadora”, defendeu. Romper com o autoritarismo das organizações pedagógicas, ter compromisso com o investimento, conhecer os jovens e adultos que estão no banco da escola para, a partir daí, definir o tempo de estudo, são, para Eliza, alguns dos principais desafios impostos às instituições que implantarão o Proeja.
Por fim, Desirée Raggi apresentou, de forma crítica, a experiência do Proeja no Cefet do Espírito Santo. “Nós estamos começando a aprender a trabalhar com jovens e adultos. Vocês, da RET-SUS, já fazem isso há muito tempo”, disse.
As dificuldades da prática e as diferenças de referencial em relação à EJA e à Educação Profissional — como, por exemplo, a defesa ou crítica à pedagogia das competências — foram questões levantadas durante o debate que se seguiu às falas. Mas, propondo que se faça uma revisão tanto das condições históricas concretas que nos trouxeram até aqui quanto do que tem sido produzido no interior da RET-SUS em relação a esses temas, Milta Torrez defendeu que a palavra-chave para finalizar aquela discussão fosse diálogo. “Agora, a educação geral também é problema nosso, na Saúde. Tem muita gente querendo que acentuemos as nossas diferenças, mas precisamos é dialogar já”, concluiu.
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