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31/03/2016 Versão para impressãoEnviar por email

As formações em enfermagem e farmácia no contexto da Rede Unida

Representantes das áreas da Enfermagem e da Farmácia focalizam as diretrizes curriculares dos cursos, apontando os desafios a serem enfrentados pelas profissões no contexto do SUS. O debate fez parte da programação do 12º Congresso Internacional da Rede Unida.

Discutir as diretrizes curriculares e promover o debate sobre como inserir o ensino da enfermagem e da farmácia em sintonia com os desafios das profissões, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa foi a proposta da távola Diretrizes curriculares: avanços na integração, formação e trabalho para o SUS, realizada no dia 23 de março, como parte da programação do 12º Congresso Internacional Rede Unida, promovido em Campo Grande (MS). Participaram do debate a presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Angela Maria Alvarez, e o diretor da Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (Abef) e professor-assistente do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Paulo Sérgio Dourado Arrais.

Angela lembrou que a enfermagem atua na maioria dos processos de prevenção e promoção da saúde, sendo responsável por 60% a 80% das ações da atenção básica e 90% das ações de saúde em geral. “A enfermagem depende de um sistema de saúde consistente, que permita o desenvolvimento técnico, científico e humanístico da área, a partir de uma lógica de continuidade do cuidado”, destacou.

 

Desigualdades regionais

A diretora da ABEn reconheceu uma enorme desigualdade regional em relação ao número de profissionais e uma baixa procura pela área. Segundo ela, enquanto estados do interior têm, em média, 1,3 enfermeiros por mil habitantes, nos grandes centros, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, há 5,5 e 4,1 enfermeiros por mil habitantes, respectivamente.  O Brasil, revelou, conta com um contingente de 1.804.535 profissionais de enfermagem, sendo 414.712 (23%) enfermeiros e 1.389.823 (77%) auxiliares e técnicos em enfermagem. “Observamos uma queda de interesse pelo curso de enfermagem. Hoje, a profissão é voltada para um grupo específico, que é o técnico em enfermagem, interessado em ascender na carreira”, esclareceu. Ela reafirmou a importância da enfermagem, revelando que 40 mil enfermeiros atuam na Estratégia Saúde da Família.

Coube a Arrais abordar a formação dos farmacêuticos. Ele observou pontos críticos relacionados às diretrizes curriculares do curso, tais como falta de espaços interdisciplinares e pouca capacidade para se relacionar com os demais profissionais de saúde, deficiência da prática do cuidado — ainda que os cursos busquem espaços no SUS para aproximar os estudantes da vivência profissional —, desatualização da diretrizes curriculares — apesar da formação do farmacêutico, hoje em dia, compreender uma visão ampliada e não fragmentada das áreas de atuação —, carga horária do estágio incompatível com a rotina do serviço e ausência de cenários de práticas específicos. “Seria interessante que, nas diretrizes curriculares do SUS, pudéssemos costurar uma carga horária mínima para contextualizar as necessidades profissionais”, sugeriu. 

O professor recomendou a realização de estágios desde o início do curso, a oferta de atividades complementares, por meio de estudos e práticas independentes — presenciais ou a distância —, a participação em programas de iniciação científica ou de extensão e a promoção de trabalhos de conclusão de curso.  "O foco deverá ser no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo ensino-aprendizagem", orientou.

Por Flavia Lima, repórter da Secretaria de Comunicação da RET-SUS

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