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05/07/2006 Versão para impressãoEnviar por email

Funasa cria sistema informatizado para diagnosticar saúde bucal indígena

Além de um novo módulo para o SIASI, formação de técnicos indígenas é uma das soluções para problemas de saúde bucal nas aldeias.

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) está tomando providências para melhorar o quadro de saúde bucal dos indígenas. Até o final deste ano, será implementado, em todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis), um sistema informatizado que permitirá traçar um diagnóstico específico e consolidado da saúde bucal de indígenas de todo o país. O objetivo inicial do sistema é dar maior visibilidade aos aspectos epidemiológicos e aos serviços que são executados nas aldeias e pólos-base ligados aos 34 Distritos. A formação técnica de indígenas tem sido uma estratégia para dar conta da demanda de saúde bucal encontrada nessas comunidades.

A ferramenta estará integrada ao Sistema de Informação de Atenção à Saúde Indígena (Siasi), que já possui quatro módulos que trazem dados demográficos, de mortalidade, de morbidade e de imunização.

Para montar as variáveis que vão compor o módulo de saúde bucal foi realizada uma oficina-piloto em Cuiabá (MT), no início de junho, com técnicos de higiene dental e dentistas dos quatro Dseis do estado. Foram definidas como bases informativas que alimentarão o sistema, os componentes epidemiológicos, culturais e de produtividade dos serviços de saúde.

As informações epidemiológicas permitirão conhecer mais profundamente o perfil de saúde e doença dos povos indígenas. Serão analisados, por exemplo, ocorrências de dentes careados, perdidos e obturados na população infantil.  Já o segundo componente ajudará na criação de um banco etnográfico com dados sobre as peculiaridades culturais que possam ter repercussão na saúde bucal dos índios. É o caso, por exemplo, de etnias que utilizam adornos e enfeites na boca. Por último, estão as informações com o quantitativo de procedimentos e pessoas atendidas nas aldeias, que serão utilizadas na avaliação da produtividade dos serviços de saúde oferecidos.

Segundo Paulo Lustosa, presidente da Funasa, a demanda de saúde bucal na população indígena já era conhecida por meio das referências enviadas pelo ‘Brasil Sorridente’, programa do Governo Federal que reúne uma série de ações nessa área. Experiências da Fundação contribuíram para esse diagnóstico e sinalizaram a importância da formação técnica para o atendimento nas aldeias. No Dsei Amapá e Norte do Pará, onde vivem cerca de oito mil indígenas, por exemplo, cinco índios foram formados, em junho, como Técnicos Indígenas em Prótese Dentária. “Estima-se que lá cerca de 800 pessoas necessitem desse serviço”, disse Lustosa.

Outro exemplo de formação técnica de indígenas poderá ser visto no final deste ano. Sete índios da aldeia Xacriabá, localizada em São João das Missões (MG), se formarão no curso Técnico em Higiene Dental. Na mesma aldeia, que possui uma população de 7200 pessoas, no final do ano passado, foram formados 53 Agentes Indígenas de Saúde (AIS). Segundo Paulo Lustosa, a formação desses trabalhadores será importante para o serviço de saúde dessa comunidade, que enfrenta problemas na área de saúde bucal.

Essas e outras experiências evidenciam uma tendência de que os próprios indígenas sejam os responsáveis por atuar na saúde de suas comunidades. E a Funasa tem apostado na integração cultural.“A Fundação tem uma grande preocupação de integrar a medicina do homem branco e do índio”, afirmou.

O módulo de saúde bucal do Siasi será implantado no mês de julho como um projeto-piloto em três Dseis que ainda não foram definidos. A alimentação do sistema será feita por meio dos núcleos informativos implantados nos Distritos. A equipe que será responsável ainda está sendo formada.

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