Agentes comunitários de saúde haitianos visitaram a Escola de Formação Técnica em Saúde Professor Jorge Novis (EFTS), na Bahia, e unidades básicas de saúde de Salvador. A iniciativa fez parte da Cooperação Técnica Brasil, Cuba e Haiti, firmada entre os ministérios da Saúde dos três países, dando continuidade ao objetivo de fortalecer o sistema e os serviços públicos de saúde da nação caribenha, devastada por um terremoto em 12 de janeiro de 2010.
Uma equipe de supervisores e de agentes comunitários de saúde haitianos visitou a Escola de Formação Técnica em Saúde Professor Jorge Novis (EFTS), na Bahia, e unidades básicas de saúde de Salvador. A iniciativa fez parte da Cooperação Técnica Brasil, Cuba e Haiti, firmada entre os ministérios da Saúde dos três países, que tem como objetivo o fortalecimento do sistema e dos serviços públicos de saúde da nação caribenha, devastada por um terremoto em 12 de janeiro de 2010.
Da comitiva haitiana, fizeram parte a médica e líder da comuna (equivalente ao município, no Brasil) de Carrefour, Michelle Pouponneau, o médico supervisor Caillot Jean Douly, as enfermeiras Dieula Deriza e Marie Carmel Elysee e os agentes comunitários Ricardo Dort, Germaine Saint-Surin e Sindys Thomas. Eles foram acompanhados por Pedro Silva, consultor técnico da cooperação tripartite, Joelma Barbosa, docentes da EFTS, e Estela Padilha, técnica do Ministério da Saúde e coordenadora dos docentes brasileiros que participam do processo de formação no Haiti.
Estela revela que o objetivo da visita foi permitir que a delegação haitiana conhecesse o processo de trabalho do agente comunitário de saúde brasileiro e o serviço de atenção primária. “Nós, da cooperação tripartite, esperamos que seja possível fazer uma adequação entre o processo de trabalho do agente brasileiro e a organização do serviço no Haiti”, informou. “Estamos aqui para ver e compartilhar experiências”, anunciou Caillot Jean Douly.
A visita teve início no dia 12 de março, em evento na EFTS. Maria José Camarão, diretora da escola, Thelma Dantas, superintendente de recursos humanos da Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, além de técnicos e docentes da escola, recepcionaram a comitiva haitiana. Além deles, José Carlos da Silva, da Diretoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde, agentes comunitários de saúde brasileiros e representantes sindicais desta categoria participaram desta ação.
Thelma Dantas fez uma apresentação, explicando como foi definida a Política Estadual de Gestão da Educação e do Trabalho em Saúde. “Buscamos garantir os direitos do usuário e do trabalhador e avançar na gestão participativa e solidária”, revelou. Ela destacou como desafios da Gestão do Trabalho a valorização dos trabalhadores, a construção de plano de cargos e carreira e a desprecarização dos vínculos, citando como exemplo exitoso a situação dos agentes comunitários de saúde da Bahia. “Esses trabalhadores fazem seleção pública e são contratados com carteira assinada. Aqui, mais de 95% dos agentes não sofrem com a precarização de vínculos”, disse, com orgulho. Já no que se refere à Educação em Saúde, Thelma falou sobre os desafios de mais recursos para a área e da importância da educação permanente para os trabalhadores da Saúde.
Maria José apresentou como se dão os processos de formação da escola e quais são as bases do projeto político pedagógico da instituição. Segundo a diretora, a EFTS tem como missão promover a educação profissional em saúde de nível médio, na perspectiva da inclusão social. Entre as principais características da escola, está a oferta de cursos descentralizados. “Os alunos não vêm à escola. É a escola que vai aos alunos”, salientou.
Em seguida, o agente comunitário de saúde, no município de Valença, Roque Onorato Santos, 73 anos, compartilhou suas experiências. Ele contou como iniciou a carreira como agente, lembrou a história da estruturação da categoria no estado, falou sobre a organização do trabalho dos agentes comunitários, suas ferramentas de trabalho e as atividades do dia-a-dia e relatou as principais dificuldades encontradas por esses trabalhadores.
Trabalho de campo
No dia 13 de março, a delegação visitou unidades de saúde de diferentes distritos sanitários de Salvador, conhecendo a estrutura das unidades responsáveis pela atenção básica do SUS e a organização das equipes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e da Estratégia Saúde da Família (ESF). “Nossa proposta é oferecer um atendimento integrado, com uma equipe multidisciplinar, capaz de identificar qualquer problema de saúde”, explicou a enfermeira Ana Cristina Lopes, da Unidade de Saúde da Família Santa Luzia.
A comitiva também foi ao Centro de Saúde Professor Bezerra Lopes, localizado no bairro Liberdade. Alda Veloso, médica e gerente desta unidade, estima que o bairro tenha uma população de 150 mil habitantes, com a maior população negra da América Latina, o que implica extenso trabalho. Não por acaso, a unidade oferece diversos tipos de atendimento, incluindo o odontológico. “Esta unidade busca atender o paciente em todas as suas necessidades”, disse.
Visitas domiciliares
Além das unidades básicas de saúde, a equipe haitiana presenciou como se dão as visitas domiciliares realizadas pelos agentes comunitários de saúde. Este trabalho foi organizado em grupos formados por médicos e enfermeiras da Saúde da Família e agentes comunitários, entre brasileiros e haitianos. Uma das casas visitadas pela comitiva foi a de Maria Almeida, de 85 anos, no bairro de Cosme Faria. Ela é diabética e, por conta disso, tem problemas de visão. Roselma da Cruz, agente comunitária que acompanha a paciente, conta que seu principal trabalho nesta casa é monitorar a ingestão dos medicamentos. “Ela esquece os remédios e não toma cuidado com a alimentação. Então faço esse acompanhamento”, informou à comitiva.
Reunião Comunitária
No dia 15 de março, a equipe de profissionais do Haiti participou de uma reunião que tratou do tema da tuberculose, realizada por profissionais de saúde para a comunidade, em uma igreja do bairro Curuzu, em Salvador. “O nosso objetivo é fazer educação em saúde para o maior número de pessoas possível”, esclareceu a enfermeira Marinalva Dutra, coordenadora do encontro, que é realizado, no mínimo, uma vez por mês e com duração média de 30 minutos. Para o médico haitiano Douly, a reunião foi enriquecedora. “Neste trabalho, verificamos o intercâmbio que existe entre a comunidade e a equipe. É uma experiência que vai nos servir para praticarmos no Haiti”, conclui.
Por Jéssica Santos (Secretaria de Comunicação RET-SUS)
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