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29/06/2017 Versão para impressãoEnviar por email

A integração entre ensino e serviço no centro do debate

Segunda rodada de discussão do Seminário Regional de Formação em Saúde Pública, realizado pela ESP-MG e a RedEscola, entre os dias 22 e 23 de junho, em Belo Horizonte (MG), tem como centralidade a relação entre escola e serviço.

 

“Escola e serviço são duas instituições distintas, mas ambas têm dimensão educadora. Uma não deve exigir da outra algo a se fazer sem discutir autonomia e identidade”. A observação foi feita por Cássia Beatriz Batista, professora da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ/MG), na segunda rodada de discussão do Seminário Regional de Formação em Saúde Pública, realizado pela Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) e a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), sediada na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), no Rio de Janeiro, entre os dias 22 e 23 de junho, em Belo Horizonte. Sob o tema Integração-Serviço, Cássia analisou que a dimensão ética e organizacional do ensino é fundamentada no serviço. “É por isso que a gente tenta colocar os alunos desde o início no serviço. O ensino dentro da universidade tem que ser modificado e a prática dentro do serviço também. Este é o grande potencial dessa relação”, avaliou.

A inadequação da formação dos profissionais de saúde, de acordo com a professora, impede o desenvolvimento do SUS e isso ocorre devido à distância e ao descompasso entre escolas e serviços. “A distância nessa relação tem que ser reduzida. O serviço produz um conhecimento cotidiano que a universidade tem que se atentar e ajudar a sistematizar o que já produzem. A pesquisa e a extensão podem trabalhar juntas, para potencializar e criar novos instrumentos”, orientou.

Para Tatiana Lopes, da Maternidade Sofia Feldman, em Belo Horizonte (MG), um elemento importante é a questão da articulação de uma rede de aprendizagem contínua e colaborativa. “Nesse sentido, a parceria interinstitucional é essencial para que a gente consiga relacionar a construção de saberes com a necessidade, tanto para usuários quanto para garantia de direitos”, defendeu.

 

Sentidos da EPS

Para debater os sentidos e os significados da Educação Permanente em Saúde (EPS), Patrícia Braga, professora da UFSJ, apresentou a experiência da universidade que tem quatro cursos de graduação na área da saúde e cursos de pós-graduação, entre eles a Residência Multiprofissional da Saúde do Adolescente, que traz experimentações relacionadas à educação permanente em saúde. Segundo Patrícia, a reflexão que se faz sobre o processo de trabalho é que é preciso ouvir os próprios adolescentes, e isso foi fundamental para potencializar a construção da atenção à saúde a esse público. “Perguntamos a eles como fariam se tivessem que divulgar algum material direcionado aos próprios adolescentes, e eles apresentaram a ideia de criar vídeos e colocá-los na internet. Tivemos que movimentar diferentes questões e conhecimentos que não dominávamos. A gente decidiu criar um concurso de vídeos no município de Divinópolis. Eles eram convidados a criar seus próprios vídeos com a proposta da caderneta do adolescente”, contou.

Laura Feuerwerker, professora da Universidade de São Paulo (USP), trouxe a experiência da EPS em movimento, que tem o objetivo de ativar processos de educação permanente em saúde nos territórios, reconhecendo práticas e saberes existentes no cotidiano do trabalho, incentivando assim a produção de novos sentidos no fazer saúde. Em sua avaliação, é impossível fazer saúde de forma burocrática e hierarquizada. “O que salva o SUS é a invenção e a militância das pessoas em vários lugares que atuam. Se fosse depender dos efeitos que as normas produzem seria um desastre completo. Não dá para lidar com conceito ampliado de saúde, querendo governar a vida do outro. Não dá para cuidar, estabelecendo relações de subordinação”, finalizou.

Por Julia Neves, da Secretaria de Comunicação da RET-SUS

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