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17/11/2013 Versão para impressãoEnviar por email

As interfaces entre tecnologias da informação e educação profissional em saúde

Tecnologias Educacionais e Educação Profissional em Saúde deu título ao seminário realizado entre os dias 6 e 7 de novembro na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O evento teve como objetivo pensar as concepções e usos das tecnologias de informação e comunicação no campo da educação e as possibilidades e desafios da sua incorporação no campo da educação profissional em saúde.

Tecnologias Educacionais e Educação Profissional em Saúde deu título ao seminário realizado entre os dias 6 e 7 de novembro na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O evento teve como objetivo pensar as concepções e usos das tecnologias de informação e comunicação no campo da educação e as possibilidades e desafios da sua incorporação no campo da educação profissional em saúde. Na primeira mesa de debate, intitulada Tecnologias e tecnologias educacionais: algumas distinções, o professor Francisco Lobo apresentou as diferenças entre apropriações e usos da tecnologia e como a questão se relaciona com a área de educação. “O termo inovação tecnológica esconde um esforço permanente das más intenções de opressão e subordinação. Pode haver uma leitura equivocada dos projetos de sociedade em combate. Essa talvez seja a grande questão a ser discutida quando se trata de tecnologias da educação”, observou.

Ele lembrou que, quando se trata de tecnologia e educação, o mais importante é focalizar uma proposta pedagógica que se valha dos meios e não só da mídia utilizada em si. “O que vendem no mercado da inovação tecnológica sob o nome de tecnologias educacionais são aquelas que não estão submetidas a uma proposta pedagógica”, criticou. Lobo também destacou a importância de explicitar que tecnologias estão em questão quando se trata de educação profissional em saúde. “Pode ser um conjunto de técnicas, execução humana de atos de produção. Mas existe sim um conceito fundamental historicamente construído a partir do século 17 no Ocidente, que é o conceito de tecnologia como estudo. Esse estudo toma a técnica como um dado objetivo, como categoria do pensamento crítico”, citou.

Coube à professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Roberta Lobo tratar do tema Tecnologia e produção de sentidos na sociedade contemporânea. Ela apresentou as tecnologias no contexto histórico do capitalismo tardio, relacionando tecnologia e produção de sentido. Para Roberta, no contexto de capitalismo tardio, há um processo de colonização não apenas da natureza, como também da psique humana.

A professora destacou que a socialização da civilização em excesso é marcada pela inconsciência e por uma pretensa autonomia de sujeitos e da "destruvidade", ligada ao desenvolvimento das forças produtivas. Roberta também afirmou que há uma vontade de mudança, ou seja, de se utilizar o tempo livre para gerar cultura, apropriando-se dos processos de refinamento dos sentidos. “Não adianta pensar em tecnologias sem pensar uma proposta pedagógica, e pensar uma proposta pedagógica é pensar em homens livres”, salientou.

A segunda mesa de debate, realizada no dia 6/11, recebeu o título Na grande angular: ampliando o conceito de tecnologias educacionais. Moira Todelo Cirello abordou, com base em sua experiência profissional com oficinas de cinema, o tema da educação audiovisual como estratégia para revitalizar o cotidiano escolar. Ela lembrou as possibilidades de inclusão que o audiovisual proporciona, uma vez que pode criar estranhamentos, ambientes diferenciados e aprendizagem pela prática, sem se distanciar da teoria.  Cynthia Dias e Gregório Galvão de Albuquerque, ambos do Núcleo de Tecnologias Educacionais em Saúde da EPSJV (Nuted), apresentaram em seguida os princípios teóricos que orientam a prática audiovisual e exibiram curtas produzidos por alunos da EPSJV.

Na mesa Educação a distância (EaD): concepções, espaços e políticas, realizada na manhã do dia 7/11, a pedagoga e professora Sandra Terezinha Urbanetz, do Instituto Federal do Paraná (IFPR), falou sobre  EaD na educação profissional de nível médio. Segundo ela, 17 institutos federais ofertam cursos a distância inerentes ao eixo tecnológico Ambiente e Saúde do Catalogo Nacional de Cursos Técnicos do Ministério da Educação (MEC). No entanto, alguns descumprem algumas exigências de EaD, já que é obrigatório atender a 80% delas. “Cada curso requer uma série de exigências específicas. Como é obrigatório atender a 80%, muitas exigências importantes para a formação do aluno são deixadas de lado”, criticou.

Na tarde do dia 17/11, a doutora em Educação Rita de Cássia Frangella analisou a proposta do uso do livro didático como um currículo escrito.  Ela defendeu a necessidade de se pensar o livro didático sob diferentes contextos, tanto como elemento que ancora o trabalho do professor quanto processo de construção de significados. Para ela, a própria adjetivação “didático” implica mais um contexto. “Livro didático não é um livro para ler e sim para ensinar”, orientou a educadora, para quem o livro didático deve ser utilizado como fluxo de conhecimento.

Pesquisadora do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nutes/UFRJ), a professora Isabel Martins abordou o tema do livro didático no ensino de Ciências, a partir da perspectiva teórica dos estudos dos discursos e da necessidade de compreender o material educativo a partir de diferentes visões. Segundo ela, a Ciência é entendida como atividade social e, nesse sentido, a escola também precisa ser resignificada e vista como um espaço de investimento ideológico. Para a pesquisadora, o livro didático não é um manual de atividades. “É importante atentar para a relação entre os livros e seus leitores”, recomendou.

Por Jessica Santos

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