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10/02/2011 Versão para impressãoEnviar por email

Ipea divulga estudo sobre a percepção da população em relação ao SUS

Estratégia Saúde da Família é o melhor serviço, de acordo com os entrevistados pelo SIPS-Saúde

Maíra Mathias


A Estratégia Saúde da Família (ESF) é o serviço mais bem avaliado do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o estudo ‘Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS)’ divulgado na última quarta-feira (09) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o órgão, ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a pesquisa revelou ainda que atendimento de graça e para todos, aliado à distribuição gratuita de medicamentos foram elencados, nessa ordem, como os principais pontos positivos contra falta de médicos e filas, maiores problemas apontados.

Para avaliar a percepção da população sobre o SUS, a pesquisa ouviu entre os dias 3 e 19 de novembro do ano passado 2.773 pessoas de todo o país. O questionário se deteve em cinco serviços públicos: atendimento pelas equipes da ESF; por médicos especialistas; em centros ou postos de saúde; e em serviços de urgência e emergência, além da distribuição gratuita de medicamentos. Os entrevistados também foram estimulados a fazer uma avaliação geral do SUS e dos serviços oferecidos por planos e seguros de saúde.

“Os avanços e as dificuldades percebidos pela população brasileira são medidos por inúmeros fatores, entre eles sua própria experiência na utilização dos serviços, a experiência de outros membros da família ou da comunidade, sua visão sobre como deveria ser o atendimento prestado pelos profissionais de saúde, a formação de uma opinião geral a partir daquilo que é divulgado nos meios de comunicação, entre outros”, pondera o estudo, que levou em consideração a opinião de todos os entrevistados sobre qual medida prioritária poderia melhorar os serviços do SUS.

ESF recebeu melhor avaliação - De todos os serviços pesquisados, a ESF foi o mais bem avaliado pelos entrevistados do Ipea: 80,7% o consideram muito bom ou bom e apenas 5% opinaram que é muito ruim ou ruim. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados na mesma quarta-feira do lançamento do SIPS, atualmente 191,6 milhões de pessoas em 5.383 municípios são beneficiadas, o que equivale a uma cobertura de 96,7% da população brasileira. Ainda segundo o MS, a ESF emprega 244.883 agentes comunitários de saúde e dispõe de 31.660 equipes.

O segundo melhor serviço do SUS é a distribuição gratuita de medicamentos, qualificada como muito boa ou boa por 69% das pessoas ouvidas e como ruim ou muito ruim por 11%. Em seguida, veio o atendimento por médico especialista, com 60% de avaliações positivas contra 18% de negativas.

As piores avaliações foram para os atendimentos prestados em centros e postos de saúde e em unidades de urgência e emergência: ambos receberam 31% de rejeição. No entanto, ao analisar as regiões brasileiras em separado, o SIPS demonstra que centros e postos são apontados como o maior problema no Sudeste e principalmente no Norte, onde o serviço chega a um pico de 42% de avaliações negativas. Já o atendimento de urgência e emergência é mais mal avaliado nas regiões Sul (34%), Centro-Oeste (35%) e Nordeste (36%).

A pesquisa do Ipea mostrou ainda que os entrevistados ficam divididos quando o assunto é avaliar o SUS. No total, as menções positivas e negativas mereceram 28% cada, enquanto que para 42% os serviços são considerados regulares. O estudo mostra ainda que essa percepção varia de acordo com a proximidade do entrevistado com o SUS. Entre aqueles que utilizaram algum dos serviços pesquisados no último ano, 30,4% o consideraram muito bom ou bom. Para aqueles que não tiveram essa experiência, a proporção de opiniões negativas é de 34,3% em comparação com aqueles que tiveram (27,6%).

Mais médicos e menos filas - Aumentar o número de médicos e reduzir o tempo de espera foram as duas principais soluções apontadas pelos entrevistados do SIPS Saúde para os serviços pesquisados. Para o atendimento em centros e ou postos de saúde, 46,9% dos entrevistados acham que mais médicos devem ser contratados. Essa percepção segue valendo para o atendimento por médicos especialistas (37,3%) e para os serviços de urgência e emergência (33%).

Em relação à demora no atendimento, o estudo identificou dois aspectos. O primeiro, relacionado aos centros e postos de saúde, 15% dos entrevistados responderam que gostariam que houvesse uma diminuição entre a marcação e a realização da consulta. A mesma sugestão foi feita por 34% dos entrevistados quando questionados em relação ao atendimento por médico especialista. Já quando o assunto são os serviços de urgência e emergência que funcionam por demanda espontânea – e também são conhecidos como de “porta aberta” –, a melhoria mais citada foi a diminuição do tempo de espera para ser atendido, referida por 32% dos ouvidos pelo SIPS.

Já para 44,3% dos entrevistados, a melhora no serviço de distribuição gratuita de medicamentos está ligada a um aumento da lista de remédios disponíveis. Outros 34,3% disseram que o problema da falta de medicamentos deveria ser minimizado enquanto que 6,2% consideram a demora para ser atendido na retirada do medicamento o maior problema.

O fato tempo também aparece no segmento da pesquisa que se dedicou à adesão à Saúde Suplementar. Para os entrevistados que têm ou tiveram plano de saúde, as principais razões citadas são a maior rapidez para realizar consulta ou exame (40%); ser um benefício fornecido gratuitamente pelo empregador (29,2%); e a maior liberdade na escolha do médico que prestará o atendimento (16,9%).

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