Complementação da qualificação de auxiliar para técnico em enfermagem foi oferecida para trabalhadores de unidades de urgência e emergência, em articulação com a política estadual que visa o fortalecimento dessa rede
Articular a formação profissional com as políticas de atenção à saúde é uma necessidade sempre apontada quando o assunto é o SUS. Um bom exemplo dessa integração vem da Bahia. Mais especificamente, da Escola de Formação Técnica em Saúde Prof. Jorge Novis (EFTS) que termina em março um projeto que complementou a qualificação de auxiliares em enfermagem que atuam em unidades de urgência e emergência da rede estadual.
Tudo começou em 2008 quando, por iniciativa da ETSUS, teve início a pactuação que buscou a parceria da Diretoria de Rede Própria da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia. “A proposta do curso vem ao encontro da política estadual de fortalecimento da rede de urgência e emergência, que tem como meta principal a implementação do acolhimento com classificação de risco”, conta Maria José Camarão, diretora da EFTS, completando: “A escolha por qualificar trabalhadores que atuam em emergência e urgência também tem a ver com o perfil epidemiológico do estado, onde a violência urbana e doméstica ganham destaque”.
Para construir a proposta pedagógica do curso, a Escola realizou oficinas de planejamento com gestores e técnicos de unidades de urgência e emergência. A construção do material didático também partiu de um processo coletivo, que envolveu os próprios trabalhadores das unidades. Durante os encontros, o currículo da Complementação da Qualificação Profissional de Auxiliar para Técnico em Enfermagem foi sendo adaptado de acordo com as necessidades das cinco unidades que participaram do projeto: Unidade de Cajazeiras, Hospital João Batista Caribé, Hospital Geral Roberto Santos, Hospital Ernesto Simões Filho e Hospital Geral do Estado (HGE). “Foram utilizados os guias dos cursos desenvolvidos na escola e, a partir deles, fomos adaptando a organização curricular à realidade dos serviços, que foram sendo identificadas por coordenadores, instrutores e alunos”, conta Maria José.
O resultado final foi a formatação de um curso com carga horária de 700 horas e duração média de oito a nove meses. O currículo foi subdividido em três áreas de conhecimentos: ‘Atuando na promoção da saúde, prevenção das doenças e conhecendo o processo de trabalho em saúde em enfermagem, educação permanente e pesquisa’; ‘Participando do processo de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde individual em situações clínicas e emergenciais’; e ‘Participando do processo de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do paciente em situações cirúrgicas, obstétricas, grave/crítico e situações de vulnerabilidades’.
No segundo semestre de 2009 as turmas foram iniciadas nas unidades sob a coordenação da EFTS. O primeiro local a receber o curso foi o Hospital Geral do Estado, que contou com a formação de 19 trabalhadores, seguido pela Unidade de Emergência de Cajazeiras (18), do Hospital Geral Ernesto Simões Filho (20), do Hospital Geral Roberto Santos (25) e do Hospital João Batista Caribe (seis). A turma do HGE será a última a se formar, no dia 18 de março. O evento contará com a presença do secretário estadual de Saúde, Jorge Solla.
“A complementação da formação do auxiliar para técnico em enfermagem significa o resgate de uma categoria que estava esquecida no que se refere à qualificação profissional e é essencial se o objetivo é melhorar a qualidade da assistência nos serviços das unidades de urgência e emergência do SUS Bahia, área prioritária da gestão da rede própria”, afirma a diretora da EFTS.
Oficina de avaliação - A EFTS realizou em 6 de dezembro uma Oficina de Avaliação com relatos de experiências dos alunos do curso. Segundo o que se apurou durante a oficina e está descrito em seu relatório final, “a formação para os trabalhadores dos hospitais de urgência e emergência proporcionou uma maior integração profissional e pessoal entre os servidores e os grupos de trabalho, contribuindo para motivação, valorização, reflexão, compromisso e aperfeiçoamento das competências para um atendimento mais qualificado e que a metodologia utilizada (problematizadora) facilitou o aprendizado”.
Maria José explica que os relatos de alunos e profissionais docentes que atuam nas unidades dão conta de uma mudança geral nos comportamentos. “Um ponto que ficou muito claro foi a mudança de visão quanto ao SUS, que os alunos referiram tê-lo como “o susto” e hoje se transformaram em defensores”.
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