noticias

06/11/2014 Versão para impressãoEnviar por email

O protagonismo da enfermagem em debate

Em sua 66ª edição, o Congresso Brasileiro de Enfermagem, realizado simultaneamente ao Seminário da Rede de Escolas Técnicas do SUS, se destacou pelo foco dado ao protagonismo da enfermagem na atenção à saúde.

Sob o tema Protagonismo da Enfermagem na Atenção à Saúde, o 66º Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn), promovido pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), em Belém (PA), reuniu cerca de 3,5 mil participantes, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem, pesquisadores, estudantes, profissionais da saúde e representantes de países como Angola, Canadá, Cuba e Espanha. Além das conferências, painéis, mesas-redondas, rodas de conversa, feira de exposição tecnológica e lançamento de livros, o evento contou com o Seminário Nacional da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), que por sua vez se destacou pelo ineditismo da 1ª Mostra de Saberes da Educação Profissional em Saúde, com a participação de alunos e professores das ETSUS (ver matéria a seguir).

Na abertura do congresso, a presidente da sessão paraense da ABEn, Elisabeth Teixeira, lembrou a primeira edição do evento, cuja sede foi a cidade de Belém, nos anos 1963, e esclareceu que, durante a ditadura militar (1964-1985), apenas um congresso foi organizado, em 1968, até que, em 1988, ano da promulgação da Constituição do Brasil e de criação do Sistema Único de Saúde (SUS),  a rotina de congressos foi normalizada. "Nesses 26 anos, vivemos o desafio de consolidar o SUS. Foram muitas travessias de poderes, saberes e forças, somadas a vitórias, derrotas, projetos de lei, esperanças e promessas. A Enfermagem cresceu e teceu junto, pintando em aquarela um Brasil mais inclusivo, um sistema de saúde para todos os brasileiros, pois é esse necessário desafio que nos torna protagonistas por excelência", ressaltou, parafraseando o samba-enredo Aquarela do Brasil, de 1964, da escola de samba Império Serrano (RJ).

A mesa de abertura contou com a participação da presidente da ABEn, Ângela Maria Alvarez, da representante da Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem, Luana Cardoso, e do secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Sgtes), Heider Aurélio Pinto, representando o Ministério da Saúde. Estavam, ainda, o secretário estadual de Saúde Pública, Nélio Franco, a secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, Dione Cunha, o reitor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Juarez Quaresma, o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Sergio do Monti, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Pará, Antônio Trindade, além de José Joaquim Izquierdo, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Amada Hernández, da Federação Pan-Americana de Profissionais da Enfermagem, e Judith Shamian, presidente do Conselho Internacional de Enfermagem, que proferiu a conferência de abertura do evento.

Premissas

Formada em Enfermagem, Judith Shamian provocou uma reflexão sobre o papel dos profissionais da área no contexto da saúde global, destacando como principais problemas de saúde no mundo o acesso ao sistema de saúde, as doenças crônicas não transmissíveis, o surgimento e ressurgimento de doenças infecciosas, como o ebola, o financiamento do sistema de saúde, a integração dos sistemas, os desastres naturais e causados pelo homem e os sistemas de saúde centrados no paciente.

Para ela, o protagonismo da enfermagem na atenção à saúde se dá na medida em que se consegue causar impacto sobre as decisões políticas. As contribuições que a categoria pode dar, frente às necessidades do sistema de saúde, citou Judith, fazem parte dos campos da melhoria do acesso ao serviço, da prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, do combate às doenças infecciosas e do apoio às classes sociais baixas e aos problemas relacionados à mulher. “Os enfermeiros proativos acreditam em um cuidado focado na autogestão preventiva do paciente portador de deficiências crônicas. Esse modelo de atenção é mais eficiente que o modelo padrão de cuidado”, explicou.

Judith provocou a plateia a pensar o espaço que a enfermagem ocupa, a partir do que chamou de “quatro bolhas” — a da enfermagem, do sistema de saúde, a bolha regional e nacional e a bolha global. “Nos últimos anos, fizemos um trabalho muito bom na bolha da enfermagem, mas vemos cada vez mais outros espaços tomando decisões por nós. Os enfermeiros precisam estar inseridos no sistema de saúde, na política, nas mesas de direções dos hospitais. É ótimo que a ABEn e o Cofen [Conselho Federal de Enfermagem] estejam envolvidos no processo, mas não é o suficiente”, alertou. A influência da enfermagem, segundo a palestrante, pode se dar por meio de cursos de política , do compartilhamento do conhecimento e da participação nas outras “bolhas”. “A enfermagem não tem feito tudo o que poderia e deveria, porque não está suficientemente envolvida nas instâncias que tomam decisões sobre como enfrentar esses desafios”, observou.

Fotos do CBEn disponíveis na página da RET-SUS no facebook.

Por Ana Paula Evangelista e Maira Mathias, da Secretaria de Comunicação da RET-SUS.

Comentar