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15/09/2016 Versão para impressãoEnviar por email

Politecnia é tema de evento comemorativo dos 30 anos da EPSJV

Em sua segunda edição, o Seminário Temático da EPSJV buscou pensar as diferentes perspectivas de compreensão e prática da politecnia nos processos formativos da unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e integrante da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS).

Dialogar sobre as diferentes perspectivas de compreensão e prática da politecnia nos processos formativos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). Este foi o objetivo do 2° Seminário Temático da unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e integrante da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), realizado no dia 14 de setembro, no Rio de Janeiro. O evento, que deu continuidade às comemorações dos 30 anos da EPSJV, contou com a participação do professor José Rodrigues, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), que discorreu sobre a temática Contemporaneidade da Politecnia.

O encontro iniciou com nove laboratórios da escola, que, divididos em dois grupos, discutiram o projeto político institucional da instituição, a partir de quatro questionamentos: há concepção pedagógica comum a todos os cursos e disciplinas?; Observam-se diferenças nas formas pedagógicas entre as distintas modalidades de curso?; há diferenças nas formas pedagógicas entre as diferentes formas de oferta de cursos (integrados ao ensino médio e pós médio); e como a politecnia se faz presente nos processos formativos em seu laboratório?

 

Perspectivas dos trabalhadores

Para o grupo 1, é necessário um aprofundamento sobre a discussão teórica de politecnia, tendo em vista a polissemia do conceito. Parte dos laboratórios reconheceu que é preciso garantir fóruns permanentes de debate e expandir a discussão para outros âmbitos, além da prática de ensino. O grupo defendeu a necessidade de repensar as estratégias atuais de prática da politecnia, como a Iniciação à Educação Politécnica em Saúde (IEP), o Projeto Trabalho, Ciência e Cultura (PTCC) e o estágio e a integração curricular, que, segundo os trabalhadores, implicam diálogo entre formação geral e técnica.

Na ótica do grupo 2, os novos processos produtivos impõem questionar a necessidade de uma formação politécnica. Para eles, a contradição de processos produtivos contemporâneos e a formação politécnica estão postas na nossa realidade. O grupo destacou, ainda, que a convivência de distintas formas pedagógicas é necessária para os desenvolvimentos dos diversos processos formativos da escola. E que, mesmo com todas as dificuldades, a formação politécnica da EPSJV vem possibilitando a inserção crítica e propositiva dos educandos, não só nos campos de estágio, mas também no mundo do trabalho.

Precedendo a apresentação breve das discussões dos grupos, falou o professor José Rodrigues. Para ele, a pergunta que os trabalhadores devem se fazer é se querem, coletivamente, fazer uma educação de combate ao capital. “Qual tipo de combate que queremos dar ao capital via educação escolar? Há várias formas de enfrentar o capital e, para efeito da atividade escolar, não precisamos pensar a revolução, porque não se trata de um partido político e nem revolucionário. É preciso estudar o que foi escrito, as experiências que estão sendo feitas, inclusive as da própria escola, e submeter à crítica. Isso pressupõe coragem e disponibilidade de militância, capaz de entregar seu trabalho à crítica para não virar a crítica”, destacou.

Por fim, Rodrigues lembrou o filósofo e sociólogo Karl Marx e resumiu: “Politecnia é um termo que aparece nos escritos do Marx, quando ele define o que entende por educação. Se eu concordo com a concepção de Marx, então politecnia é uma concepção pedagógica, não é uma concepção didática”. Segundo o professor da UFF, a didática é tradicionalmente entendida como um conjunto de técnicas de ensinar, mas nenhuma técnica de nenhuma atividade humana é neutra, o que não quer dizer que ela não possa ser refuncionalizada. “É possível dentro de alguns limites. Educação, que eu posso chamar politecnia, é uma concepção ampla. E Marx, que não era um educador, não pensou a didática da coisa”, finalizou. Em seguida, o debate foi aberto para o conjunto de trabalhadores e estudantes da EPSJV.

 

Por Julia Neves, repórter da Secretaria de Comunicação da RET-SUS

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