A Rede de Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (RET-SUS) e a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (EPCT) se encontram em vista de construir ações articuladas para robustecer a educação profissional em saúde no país.
Sob o propósito de construir ações articuladas para o fortalecimento da educação profissional em saúde no Brasil regionalmente, a Rede de Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (RET-SUS), do Ministério da Saúde (MS), e a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Rede EPCT), do Ministério da Educação (MEC), se reuniram, entre os dias 6 e 7 de julho, em Brasília, no Encontro Regional RET-SUS - Oficina Centro-Oeste e Norte. A iniciativa de articulação entre as redes, sob a coordenação da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV), unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em face de uma cooperação entre a escola e a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Sgtes/MS), balizou-se no reconhecimento da RET-SUS quanto a sua missão institucional de formação de quadros no campo da Educação Profissional em Saúde e no potencial formativo da Rede EPCT em grande escala e com maior capilaridade em território nacional.
A responsabilidade das redes com a educação e a saúde públicas foi realçada pela diretora da EPSJV/Fiocruz, Anakeila de Barros Stauffer. “As ações de apoio e fortalecimento da educação profissional em saúde que queremos construir coletivamente reafirmam a responsabilidade de todas as instituições com a educação para o SUS. O convite é para sonhar e efetivar a educação em saúde pública”, orientou, apresentando o sociólogo Jefferson Almeida na função de coordenador do Projeto de Apoio Estratégico e Fortalecimento da Formação Técnica de Nível Médio em Saúde, abrigado na EPSJV, do qual surge a proposição de articulação, a partir da cooperação entre a escola e o Ministério da Saúde. Ela encerrou com a leitura da poesia Utopia, do escritor Eduardo Galeano (1940-2015): “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
Convidada do evento, em face do projeto Itinerários do Saber, uma parceria entre o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e o Ministério da Saúde e que tem como protagonistas as Escolas Técnicas do SUS (ETSUS) integrantes da RET-SUS, Cristina Guimarães, pesquisadora do Icict, destacou que o movimento e a aproximação entre a saúde e a educação são preciosos para o SUS. “A formação de nível médio em saúde é importante para a equidade em saúde”, observou. A proposta do Icict visa a promover o desenvolvimento de estratégias para a qualificação dos profissionais de saúde de nível médio/técnico, com foco no aperfeiçoamento do SUS.
Palavra de ordem
As dificuldades que a Saúde Pública enfrenta são muitas, desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por tratar-se de uma política contra-hegemônica. A observação do assessor-técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Haroldo Pontes, presente à abertura do encontro, iluminou o trabalho que as redes produzem e os desafios que enfrentam diariamente. “Implica, especialmente em um contexto atual de muitas dificuldades, redobrar o compromisso e ter clareza do cenário que atuamos e o papel que queremos desenvolver”, frisou. Ele lembrou que o Conass tem buscado contribuir para o aumento da articulação entre as escolas técnicas e as secretarias estaduais de saúde. “Há, portanto, a necessidade de se trabalhar fortemente para que esta integração aumente e, consequentemente, fortaleça a RET-SUS em vista de uma clara participação das escolas nos seus estados e que as dificuldades sejam superadas”, defendeu.
Wilson Conciani, representante do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), reafirmou a importância da Oficina, destacando a presença de vários pró-reitores. “A gente observa a possibilidade de oficializar, integrar e articular melhor o que já acontece nas nossas escolas. Há alguns entraves a serem superados como, por exemplo, a formalização dessas parcerias e o uso dos recursos para que as ações possam ser bem sucedidas”, destacou.
O assessor especial para Inclusão Social Produtiva e Diversidade na Educação Profissional e Tecnológica, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC), Franclin Nascimento, lembrou a dificuldade que foi tratar os cursos na área da saúde na RET-SUS e na Rede EPCT, devido ao distanciamento das duas instituições. “Esta articulação é, portanto, necessária e urgente. Um dos aspectos a ser discutido refere-se à interiorização da Educação Profissional em Saúde, pois com a aproximação das redes será possível definir propostas que contemplem a questão da interiorização”, sublinhou.
De acordo com a diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges/Sgtes/MS), Claudia Brandão — que apresentou Roberta Fernandes como coordenadora-geral de Ações Técnicas em Educação na Saúde (Cgates), setor vinculado ao Deges —, foi preciso muito debate para compreender uma forma de integrar e reunir as redes. “A articulação entre as redes visa a reconhecer a expertise de cada uma, sem tirar o protagonismo que elas têm em seus lugares. Na verdade, as duas redes já trabalham com esses objetivos em separado, mas queremos unir esforços para fortalecer ainda mais a educação profissional em saúde”, reafirmou.
Julia Neves, da Secretaria de Comunicação da RET-SUS
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