noticias

29/09/2016 Versão para impressãoEnviar por email

Vitória recebe congresso mundial da educação profissional e tecnológica

O papel da educação profissional no século 21 e o futuro da sociedade estiveram no centro do debate do 8º Congresso Mundial da WFCP e da 40ª Reditec. Os eventos reuniram representantes de mais de 20 países, além de alunos e gestores de instituições federais de ensino.

Discutir o papel da educação profissional no século 21. Esse foi o objetivo do 8º Congresso Mundial da WFCP (Federação Mundial de Colleges e Politécnicos) e da 40ª Reditec (Reunião dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica), realizados sequencialmente em Vitória (ES), entre os dias 22 e 27 de setembro. Os eventos reuniram representantes de mais de 20 países, além de alunos e gestores de instituições federais de ensino de todos os estados brasileiros. “É muito importante para o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) ser anfitrião desse evento. Foram dois anos de preparação e sabemos dos desafios que a educação profissional e tecnológica enfrenta na atualidade”, destacou Denio Rebello Arantes, reitor do Ifes, ao abrir a solenidade.

Denise Amyot, presidente da WFCP, aproveitou a oportunidade para destacar o cenário econômico mundial e do Brasil. “Estamos em um momento de encolhimento de recursos, mudanças mundiais, mas estamos aqui para conhecermos histórias e líderes inspiradores e experiências da juventude. Não resolveremos aqui os desafios da educação profissional, mas veremos as melhores práticas ao redor do mundo e teremos a oportunidade de aprender uns com os outros”, observou. Presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Marcelo Bender ressaltou a importância da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica (EPCT), hoje com mais de 850 mil matriculados, para o desenvolvimento da educação no Brasil, além de destacar a importância do evento. “Enxergamos nesse evento o marco dos balizadores que traçarão o futuro da Rede EPCT. Cada passo adiante requer nossa profunda atenção”, sublinhou.

 

Futuro da sociedade

Na conferência Perspectivas para a sociedade do século XXI, abrindo o segundo dia de debate, o sociólogo italiano Domenico De Masi, autor do conceito de ócio criativo, falou sobre o futuro da humanidade. Após fazer uma retrospectiva das grandes revoluções que mudaram a economia, o trabalho e o desenvolvimento humano, De Masi pontuou as consequências do neoliberalismo para a sociedade e fez uma projeção do futuro. “O neoliberalismo estimula uma desigualdade social crescente, que resulta na migração em massa e no contraste entre as necessidades humanas e os recursos naturais, explorados como se fossem infinitos. Em 2030, seremos oito bilhões de pessoas no mundo, com uma grande diferença entre ricos e pobres”, garantiu, ressalvando que a situação pode ser revertida.

Para o sociólogo, as reformas não são mais suficientes para trazer o equilibro ao mundo atual. “Voltamos à época que há necessidade de uma intervenção de caráter revolucionário, o que chamo de revolução simples”. Segundo De Masi, o progresso científico não significa o fim da mão de obra humana. “A máquina pode realizar tarefas em grande escala, rapidamente, mas tem uma limitação para ir além do quantitativo, ao contrário de nós. Podemos recuperar a importância do que é qualitativo, coisas como gentileza e delicadeza, criatividade e cultura, que as máquinas nunca poderão nos fornecer”, afirmou. No âmbito do meio ambiente, o italiano defendeu uma formação humanística, que pode mudar a maneira como o neoliberalismo direciona a exploração dos recursos naturais. Ao que denominou de “ócio criativo”, o conferencista explicou que  “uma nova relação com o trabalho e com o estudo tem potencial para reduzir o desemprego e incentivar o desenvolvimento social”.

Por fim, ciente da atual situação política do Brasil e referindo-se à Medida Provisória  nº 746, apresentada pelo presidente Michel Temer e o ministro da Educação, Mendonça Filho, no dia 22 de setembro, impondo uma reforma do ensino médio, De Masi criticou a exclusão das disciplinas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física do currículo obrigatório desta etapa do ensino. “É uma loucura total, pois educar é enriquecer a dimensão estética e filosófica das coisas. Devemos ser os pioneiros da formação humanística. Destruir isso é assassinar a civilização. Precisamos ter cuidado com as políticas perigosas que estão ameaçando o desenvolvimento intelectual nos países latino-americanos”, criticou.

Por Ana Paula Evangelista, repórter da Secretaria de Comunicação da RET-SUS

 

Comentar